Era mais um dia como outro qualquer, meu destino naquele dia não era minha casa, mas sim o terminal rodoviário de Campinas, cheguei ao ponto de ônibus, não havia muitas pessoas por lá, logo alguns universitários se juntaram ali e pela conversa pude notar que eram da área de pedagogia.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Recebendo uma Cruz
Era madrugada... o sol ainda nem dera seus primeiros sinais no ocidente... ao longe, jovens andavam pelas ruas vazias de uma cidadezinha do interior paulista... alguns nas ruas, outros já agrupados... andando para onde? Agrupados para quê? Para uma grande missão: acolher a Cruz da Jornada Mundial da Juventude de 2013.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Programação para o dia 18
É isso aí pessoal! Está chegando o dia em que nós iremos acolher a Cruz da JMJ 2013 que chega ao nosso país no dia 18 de setembro, domingo próximo, confira a programação para este dia tão especial:
A JMJ 2011 e seus frutos
Há quase um mês do acontecimento da Jornada Mundial da Juventude soube nestes dias de um grande fruto deste encontro, fruto esse que se deu por um simples gesto. Conforme a matéria publicada no site da diocese de São Carlos, um casal espanhol enviou um e-mail agradecendo dois peregrinos de nossa diocese que lhe deram um cd de músicas do Congresso Eucarístico Diocesano, gravado em 2008.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
O vigia e o cão
Você já conseguiu sonhar acordado? Talvez pelo cansaço do dia que teve ou pelas preocupações que acercam a mente, nossa capacidade criativa, alojada em nosso inconsciente, é capaz de vir à tona e lhe abre espaço para um sonho acordado. (não digo isso com embasamento psicológico, mas com comprovação empírica). Hoje um sonho acordado me chamou a atenção e explico o porquê contando o à você:
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
As borboletas e os carros
Semáforo no vermelho... pessoas... semáforo aberto, carros, buzinas, fumaça, motocicletas...meu Deus, que loucura! Quem já teve a oportunidade de estar nem que seja por um dia na cidade de São Paulo pode notar o quão estressante é andar por suas ruas sempre abarrotadas de gente, bem como o infernal barulho produzido pelos milhares de carros que em questão de minutos trafegam pelas ruas e avenidas.
Mesmo diante desse frenesi todo, as vezes parece que do céu vem uma brincadeira de caça ao tesouro e então, é como se Deus permitisse que um sinal de esperança e paz viesse pousar em meio a essa correria toda. E quão bela, e quão delicada... uma borboleta em meio aos carros...
Esses dias, eu estava a conversar com uma amiga que mora na cidade de São Paulo e ali partilhando de nossas vidas, ela deixou “escapar” de sua boca a seguinte frase: “’tenho pensado muito em borboletas...quase sempre vejo uma ou outra... é tão difícil ver borboletas em meio a tantos carros... quando vejo uma a admiro, pois a vejo como um sinal de esperança.”
Estupendo! Magnífica frase! Quase que nem consegui prestar atenção no resto de nossa conversa, essa frase me fez viajar e porque não pensar em quantos carros em minha vida tem cerrado minha visão e a impedido de vislumbrar as borboletas. Ao ouvir essa fala pude também me recordar do que dissera o autor do livro O pequeno príncipe : “...é preciso suportar uma ou duas larvas se queremos ver a beleza das borboletas.”
A vida, é bem verdade, não é feita de rosas, nem tudo é tão belo como sonhamos, nem tampouco romântico como vemos nos contos de fadas, porém podemos fazer com que a vida seja mais bela, deixando-a com um toque especial, não porque só conseguimos ver aquilo que nos impede de enxergar o que é belo, mas sim, porque em meio a tantos obstáculos conseguimos enxergar o essencial.
Não deixemos que a beleza da borboleta em meio aos carros se perca. Admiremos sua suavidade, suas reviravoltas. Assim fazendo, estaremos nos treinando para enxergar as pequenas coisas que nos impulsionam para as maiores realidades. Pois, somente valorizando e percebendo as pequenas coisas, chegaremos às maiores.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
O pentecostes
Durante os dias da Jornada o que mais me impressionava era a diversidade de línguas e culturas, povos de diversas nações reunidos em uma só fé. Confesso que no segundo dia de Jornada não era possível nem mesmo entender o português, mas com o passar do tempo os ouvidos foram se acostumando, afinal, dependendo do lugar em que estávamos, ouvíamos de seis a sete línguas ao mesmo tempo.
Certa vez, quando caminhávamos para ouvir uma das catequeses, entramos no metrô e pudemos nos deparar com um número muito expressivo de jovens, tinham ali juventudes de aproximadamente cinco países diferentes; todos estavamos muito alegres e entusiasmados... nos lábios cada povo trazia uma canção religiosa cantada em seu país.
Nesse momento me veio ao coração a passagem bíblia descrita pelo evangelista Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos que diz: “E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas...” posso afirmar que esses seis dias de jornada foi uma experiência profunda do pentecostes na Igreja.
Cada um falava em sua língua, alguns poucos arriscavam algumas palavras num idioma que não era o seu, mas eis a graça, eis o milagre: mais de dois milhões de jovens, cada um falando em sua língua, mas se entendendo através de uma única expressão de linguagem: o amor.
Mesmo que não entendêssemos a língua um dos outros, enquanto cristãos sabíamos que falávamos uma única língua, e esta prevaleceu e foi muito usada nessa jornada, que é a linguagem do amor expresso na caridade de muitos peregrinos jovens. Muitas pessoas passaram mal, por conta do tempo quente e seco, mas como era bonito ver os irmãos se ajudando.
Uma cena que ficou em minha mente foi quando na vigília com o Papa, o sol nem havia se posto quando perto de mim estava uma menina passando mal, ela falava o espanhol, porém, a pessoa que a conduziu até perto de onde eu me encontrava falava o francês... como vi a menina ser abanada por uma camisa, peguei o leque que estava na mochila de uma das meninas do meu grupo e fui ajudar a refrescar a moça.
Cheguei, e fiquei ali por quase uma hora, quando a moça, que estava sentada pediu para se deitar, apoiando sua cabeça em minha perna ela permaneceu ali, deitada e eu a abanar... eis que então chegou a médica, que falava inglês, e então começou o pentecostes, para ajudar a moça fizemos o seguinte, um dos que estava conosco traduzia do espanhol para o inglês, a médica por sua vez passava as instruções para um holandês que falava francês e que traduzia para a mulher que naquele momento estava como responsável da jovem...bem, ela foi medicada, seus amigos chegaram e tudo correu bem.
Porém, pouco antes de tudo isso acontecer ela fez uma pergunta que me fez pensar ainda mais no pentecostes, ela disse: você não está cansado de ficar aí me abanando? Ao passo que respondi um simples e objetivo não, porém fiquei a pensar nessa pergunta e me veio uma resposta ao coração que não disse com palavras, mas tentei mostrar nos atos, qual a resposta? Quando se faz o bem não se cansa.
Eis a chave para entendermos o pentecostes! Os discípulos estavam alegres demais, cada um falando em sua língua própria, porém, todos se entendiam. E é assim ainda hoje na Igreja, muitos povos, muitas nações, mas todos nos entendemos porque o que fundamenta nossa fé não é uma mera gramática ortográfica, mas sim uma gramática que não se encontra nos livros e sim na vida de cada cristão que consegue expressar a linguagem do amor.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
O ypê e a vida
Certa tarde, ao longe avistei, no jardim, uma árvore grande, porém com seus galhos secos. Não havia um verde se quer. Sem pensar muito, passei a mão em um machado, aproximei-me da árvore e num gesto brusco, levantei a ferramenta para dar o primeiro golpe e... eis que ouço um grito.
Ainda com o machado em punho olhei para trás e vi meu formador com um ar de quem reprovava minha ação. Logo pensei: ué? Por que não por abaixo essa árvore seca?...esperei que ele se aproximasse e lhe fiz a pergunta, eis sua resposta: “está árvore é um ypê, no inverno suas folhas caem, porém, peço que aguarde mais algumas semanas e verá se ela está morta.
Aguardei...o tempo passou e... para minha surpresa, numa manhã, ao sair de casa para as atividades daquele dia olhei para a árvore ‘morta’ e vi a beleza da vida, aliás, quase sempre na morte nos deparamos com a vida. Aquela árvore seca estava florida. Por um instante sentei e ao contemplar a cena que estava diante de meus olhos notei que a árvore estava seca, mas com flores belíssimas; na alma sentia uma exclamação: oh! res mirabilis! (oh coisa maravilhosa!).
Como pode de algo sem vida nascer a vida?...Quatro anos se passaram, ainda hoje a fotografia que minha mente tirou naquela manhã permanece em minha memória. Ao fechar os olhos posso como que contemplar novamente aquele pé de ypê. O que me remete para as inúmeras vezes que na vida desanimamos e achamos que nem vale apena seguir em frente.
É preciso nutrir nosso interior, como aquela árvore, exteriormente ela estava morta, porém, em seu interior continuava a trabalhar e a juntar forças para que em meio a tanta morte, tanto frio, pudesse brotar flores e fazer surgir a vida. Por muitas vezes o inverno castiga nosso coração, ou então, o calor demasiado tira nossas forças, mas sejamos como as árvores! Fortaleçamos, nutramos, nosso interior do alimento verdadeiro e então nossa seiva, uma vez fortificada, nos fará crescer cada vez mais e nos conduzira para o alto.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
É preciso ouvir a voz de Cristo
Terceiro dia de Jornada. Dormir no chão nunca foi muito confortável, mas diante do cansaço da caminhada o chão começava a ser uma cama maravilhosa. Porém, mais um dia começava, era preciso agilidade para arrumar as coisas, tomar um café e se colocar a caminho para a catequese. O que eram essas catequeses? Toda manhã, das 10h até às 13h um bispo ministrava essa catequese, que era uma formação de aproximadamente uma hora, depois ouvíamos um testemunho de algum jovem e fechávamos esse momento com a celebração da Eucaristia.
Aquela foi minha primeira catequese na Jornada, quando chegamos na Igreja havia muitos brasileiros, portugueses e alguns africanos. O pregador daquela catequese foi Dom Eduardo Pinheiro, Bispo Auxiliar de Campo Grande, Mato Grosso do Sul e responsável pelo Setor Juventude no Brasil, e como foram úteis suas palavras. Sua grande preocupação foi mostrar que os jovens de hoje estão como que surdos para a voz de Jesus, uma vez que sua voz se misturou com tantas outras vozes.
E aprendi ali que não ouvir a voz de Jesus é não saber que rumo tomar. As muitas vozes do mundo têm escravizado nossa juventude impedindo-a de viver na liberdade e na verdade. Talvez você se pergunte: e que vozes são essas? E eu me lembro como se fosse agora Dom Eduardo dizendo com autoridade que as vozes do mundo atual são: o hedonismo, ou seja, a vivência do prazer pelo prazer, que tem ferido a sexualidade e afetividade de muitos jovens; o consumismo: que descarta o sentimento e gera a esperança de que amanhã terá algo melhor, e assim, vivemos numa sociedade do descartável, e um descartável que se aplica não só aos bens materiais, mas também às relações humanas; o subjetivismo: uma afirmação exagerada do EU que nega o OUTRO; e por fim, o relativismo: que cultiva em nossa mente o pensamento de que tudo é normal, nada é proibido.
Diante desse mundo, nós jovens somos chamados a fazermos escolhas, precisamos pensar em nosso futuro, dizia-nos o bispo que “os jovens por não terem perspectiva de futuro apostam todas as suas fichas no agora”, assim, é necessário e urgente haver um apaixonamento por Jesus e então, uma vez enraizado e firme Nele, pela fé, somos capazes de construir nosso projeto de vida.
O nosso projeto de vida precisa ser construído sobre algo concreto, não podemos apenas ouvir a voz do mundo que grita e pede que vivamos apenas do agora, temos um futuro e precisamos pensar nele. Precisamos fazer escolhas certas para não termos decepções demasiadas. Qual é nosso projeto de vida? Será que ele está se sustentando em algo sólido?
Encerro citando o ponto 60 do documento para a Evangelização da Juventude que diz: “O desafio para o jovem – assim como para todos que aceitam Jesus como caminho – é escutar a voz de Cristo em meio a tantas outras vozes. O Jovem escuta a voz do Mestre de diferentes maneiras. A ação evangelizadora deve ajudá-lo a ter contato pessoal com Jesus Cristo nos evangelhos, por meio de sua mensagem, suas atitudes, sua maneira de tratar as pessoas, sua coragem profética e a coerência entre seu discurso e sua vida. Os Evangelhos assinalam com freqüência que Jesus rezava e passava horas e noites em oração diante do Pai. As celebrações e a oração são espaços importantes onde este encontro pessoal acontece e é aprofundado, no silêncio e na contemplação. O jovem encontra o Senhor na leitura dos evangelhos e na vida comunitária, na qual aprende a escutar a voz de Deus no meio das circunstâncias próprias de nosso tempo, vivenciando assim o mistério da Encarnação”
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
'Eu vos chamo amigos'
(olá amigos (as)! Apartir de hoje você poderá conferir algumas reflexões e textos que escrevi durante a Jornada Mundial da Juventude em Madrid, espero que goste!)
Quando amamos os jovens eles retribuem com muito mais amor. Um dia antes de partir para Madrid, notei que havia algumas notificações numa das minhas contas de rede social. Ao conferir, meus olhos se encheram de lágrimas, fiquei emocionado por ver inúmeras orações que os jovens postaram pedindo a Deus que essa fosse uma viagem abençoada e que eu pudesse representá-los bem.
Às vezes é difícil para nós compreendermos o chamado divino. Sempre gostei muito de viajar, mas nunca pensei que um dia iria para tão longe. E ainda, ter essa responsabilidade de representar tantos jovens. Durante os dias que antecederam a viagem muitos diziam: estou feliz por você estar lá e por nos representar.
Hoje parando pra pensar, vejo que a Igreja carece de homens e mulheres que tenham a coragem de dar a vida pela juventude. Parafraseando Dom Bosco: os jovens mais do que serem entendido, precisam ser acolhidos e mais do que serem acolhidos, precisam ser amados.
Só é possível evangelizar se antes se aprende a amar. Por isso para que a evangelização de nossos jovens seja eficaz, não é preciso falar, e falar e falar de Jesus, mas sim é preciso ser Jesus para eles. Se queremos jovens mais perto de Deus é preciso sermos Cristo para eles. A isso eu chamaria “Pedagogia da Evangelização para os jovens”. No que consiste essa pedagogia? Em amar, em ser Cristo. E sobretudo, em ser amigo (a) das juventudes que passam pela nossa vida.
E ser amigo é estar junto, é conhecer... e então, no momento em que essa amizade estiver fortalecida, poderemos partilhar dificuldades da vida... e eis a porta para que iluminado (a) pelo Espírito Santo, fundamentado (a) na Sagrada Escritura e na Tradição, poderemos aconselhar, conduzir, e ajudar esse amigo, esse jovem que sofre.
O importante não é termos títulos como o de catequista, assessor, coordenador de grupo de jovem, se não formos amigos daqueles que Deus nos confia, nosso trabalho é em vão! E talvez por isso nessa jornada o Papa, em seus discursos, quando ia se dirigir aos jovens dizia: queridos jovens e amigos, ou então, por diversas vezes disse apenas: queridos amigos... ao ouvir essa palavra da boca do Santo Padre, nosso coração se enchia de orgulho e nos conduzia e nos convidava a uma maior experiência com Jesus, vivo e ressuscitado, afinal, não era qualquer um que nos falava de Jesus, nem mesmo era o PAPA, mas sim um amigo, que quer nosso bem e nos ensinava, falava-nos de quem era o verdadeiro caminho, verdade e vida.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
A moça e a água
Vejo-me sentado diante de um jardim, questionando-me sobre a vida, sobre o que já vivi e o tanto que ainda tenho de viver...Acabei de encerrar mais uma missão, aguardo ansioso, pois dentro de algumas horas estarei em São Paulo , lugar no qual me encontrarei com um grupo de missionários para uma nova missão. Ainda que o cansaço seja presente, tenho a consciência de que ele não é tudo, bem como se torna um instrumento de sabedoria para mim. Mas como assim? O cansaço me ensina algo? Sim. Toda vez que nos cansamos, paramos exaustos, e dentro de nós há um grito: caaaama! E então... Ao pararmos para descansar, surge uma questão: valeu a pena o que fiz? Quando essa pergunta não surge, então nosso cansaço é em vão.
A medida que descansamos, repomos as nossas forças físicas, mas se não avaliamos o motivo de nosso cansaço, no interior podemos permanecer exaustos, mesmo que nosso físico esteja bem.
Refletia eu, então, sobre isso quando ao meu redor aconteceu um fato corriqueiro, mas ao mesmo tempo inusitado. Enquanto eu escrevia esse texto me perguntava: mais uma missão! Como terei forças?... Contemplando o horizonte, vi uma jovem com um olhar decidido, ela tinha uma meta, em passos apressados dirigia-se ao bebedouro, no corre-corre colocou a caneca na torneira e ao abri-la notou que o galão de água estava vazio. Uma amiga sua que acompanhava a cena sentiu pena e exclamou: ah! Como você vai matar a sede agora? E eis que nesse momento, uma das cenas mais bonitas, do dia de hoje, meus olhos puderam presenciar: a jovem com sede agarrou com as duas mãos o galão e tirando-o do suporte o levou para onde iria colocar água novamente, enquanto fazia isso disse: basta enchê-lo!
Eis a resposta! Para continuar a luta é preciso reabastecer. Mas atenção: a jovem não queria refrigerante, nem tampouco suco, e sim água, e água limpa que iria saciar a sua sede e revigorar suas forças.Diante do cansaço que a vida nos proporciona somos chamados a querer beber desta água limpa, mas infelizmente paramos pouco para descansar, ou seja, paramos pouco para refletir sobre nossa vida, não vemos o que está valendo a pena e o que não está. Por conta disso não vamos mais atrás de águas novas, mas sim bebemos aquilo que nos oferecem e que nem sempre é uma água límpida.
Diante de tudo isso, somos convidados a refletir: o nosso cansaço tem valido a pena, tem sido descanso para outros? Estamos buscando reanimar nossa vida, saciando a sede da nossa alma com a água viva que somente Jesus nos pode dar? Temos tido a coragem que essa moça teve de não nos satisfazermos com as situações da ausência de água, mas sim, indo além de nossas forças para buscar água na fonte, água pra nós e para outros? Enfim, muitas perguntas e outras tantas respostas, contudo, não tenhamos medo de nos cansar, de nos consumirmos e saciemos nossas sedes na fonte límpida.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
O menino e os pães
Por muitas vezes me pego pensando: poxa! o mundo poderia ser melhor se grandes coisas acontecessem! Ou ainda: é preciso acontecer algo grandioso para que alguma coisa mude... Na verdade sempre pensamos assim, as vezes é difícil para nós valorizarmos as pequenas coisas.
Olhemos para os prédios, são belos, não são? Em sua grande maioria ‘monstruosos’. Todos se admiram ao ver um arranha céu. Esses dias eu passava por uma cidade, e vi muitos edifícios, por um instante me veio à mente: por que nos admiramos com os prédios? Talvez seja pela sua altura, até porque nosso desejo nos faz admirar aquilo que almejamos: quem um dia não sonhou em ser um (a) grande profissional, um grande homem, uma grande mulher?
Ainda mais no mundo em que vivemos, todos queremos ser pessoas realizadas, felizes, e por inúmeras vezes relacionamos felicidade com grandeza, riqueza material e espiritual. Tudo isso contribui, não sei, penso ser arriscado relacionar felicidade com grandeza ou riqueza; mas brincaria com as palavras, uma vez que a gramática nos permite, dizendo que: felicidade é sinônimo de simplicidade, e riqueza sinônimo de pequeno.
Pode ter parecido estranho aos seus olhos, mas é a mais pura verdade. Pare e pense por um instante, verá que um baú de tesouro só tem importância quando há ali dentro muitas moedas ou objetos de ouro. Felicidade não poderia significar grandeza, senão o sorriso de alguém perderia todo o seu valor, bem como não nos traria felicidade. Assim como cada moeda constitui a riqueza do baú, cada gesto, embora seja o mais simples, constitui, constrói, a nossa felicidade.
Voltando para os prédios, fica difícil olhar para eles sem que antes, tijolo por tijolo, porta por porta, estivesse em seu devido lugar...ao olhar para os prédios da cidade em que o ônibus apressadamente passava, vinha-me na mente e no coração: “ta vendo aquele edifício moço...eu ajudei a levantar”. Essa música, Cidadão, composta por Lúcio Barbosa, faz-me pensar: por trás de toda grande obra há algo que nem sempre notamos, mas que sem o qual aquilo que é magnífico não poderia acontecer e/ou ser.
Na história houve muitas pessoas que souberam valorizar muito bem esses pequenos momentos ou as coisas simples da vida, para que ela se tornasse grande. Poderia pegar muitos outros exemplos, mas seleciono um, para comentar brevemente, esse alguém é a pessoa de Jesus de Nazaré. Dos inúmeros momentos importantes de sua vida, e que mostram essa sua valorização dos pequenos momentos, escolho para refletirmos o que está relatado no capítulo seis do evangelho de João, nos versículos de cinco a treze (João 6, 5-13).
Notamos lá que muitas pessoas estavam acompanhando Jesus, afinal ele era um grande líder, é bem verdade que nem todos que compunham essa multidão o seguiam para aprender com ele, alguns só o acompanhavam para obterem os milagres e para saciarem a sua fome, nada mais, outros, o seguiam porque queriam fazer de suas vidas algo maior. Era pequeno demais aquilo que viviam, estavam presos a uma realidade, em termos filosóficos, meramente imanente, não transcendiam, ou seja, estavam presos às leis, ao ritualismo, não conseguiam fazer nada por amor, e quase sempre faziam porque essa era a lei, mas nem sempre sentiam aquilo que faziam.
Enfim, a multidão estava lá, e Jesus, um homem pobre, simples, resolve dar de comer para toda aquela gente. Ao lermos a passagem, vemos o ‘desespero’ de Filipe quando Jesus pergunta de onde iriam tirar a comida e Filipe responde: “Duzentos denários de pão não seriam suficientes para que cada um recebesse um pedaço’(Jo 6, 5), André traz um menino e diz: “Há aqui um menino, que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas o que é isso para tantas pessoas?”... Mas o que é isso para tantas pessoas?...
André, Filipe, os demais discípulos, eu, você, temos dificuldade em transformar aquilo que é pequeno em grandioso. A verdadeira arte não consiste em fazer coisas grandiosas, mas sim em transformar coisas pequenas em grandes coisas. Paremos por um instante e reflitamos: como será que André encontrou esse menino? Teria André perguntado entre a multidão: quem aqui possui algo para comer? Ou ainda, será que o menino, mesmo sem ninguém dizer nada resolve partilhar tudo aquilo que possuia?
Muitas situações, poderíamos trazer a mente neste momento, mas note, poderíamos exaltar a questão da partilha, mas vendo por um outro ângulo, notamos que do normal é que se faz acontecer o extraordinário, aquele menino foi lá, levou seus cinco pães, dois peixinhos, e enquanto todos os outros adultos talvez até riam dele, e duvidavam que seu gesto poderia ajudar em alguma coisa, Jesus toma aqueles cinco pães e dois peixinhos e dá de comer àquela multidão, fazendo até sobrar doze cestos cheios com o que sobrara da partilha.
Talvez, respondendo a algumas questões levantadas nesse texto, vale saber que, é olhando para a simplicidade das coisas que enxergamos sua grandeza. É valorizando os pequenos momentos que conseguiremos ver a riqueza e a beleza das coisas. Os prédios só são prédios porque alguém os construiu, nossa vida só é bela porque nós a construímos.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Amigos para sempre
É bem verdade o provérbio que diz que há amigos mais queridos que um irmão, às vezes nem nos damos conta de como as pessoas são importantes em nossa vida, sobretudo, os amigos, pessoas que estão sempre ao nosso lado e as quais podemos mostrar quem verdadeiramente somos.
Diante de um amigo você chora, ri, aconselha, ouve, é aconselhado; por trás de toda amizade há um sentimento de cuidado, de amor. Pessoas não entram em nossa vida por acaso. E quando entram deixam suas marcas indeléveis. As amizades são construídas no decorrer de nossa história, quanto mais antiga melhor.
Lembro-me com saudade dos amigos que tenho em minha cidade natal, bem como sei que mesmo longe posso contar com eles e eles comigo, esse sentimento tão nobre que costumamos limitar ao termo amizade nos une, nos faz ser força um para o outro. Faz com que a alegria do reencontro nos leve a conversar horas e horas sem se quer darmos conta de que o tempo passa e cada um precisa tomar seu rumo novamente.
Das muitas viagens que fiz, aprendi que a vida é como um grande terminal rodoviário; afinal, a rodoviária ou a estação é o ponto de encontro e de chegada. Lugar onde pessoas vão e vem, e é impressionante como algumas cenas, pessoas, ficam em nossa memória.
Não diferente de nossas vidas; constantemente chegamos à vida de alguém, bem como encontramos pessoas que são e irão ser importantes para nós, e ficaram em nossa vida. E como é bonito notar que uma amizade verdadeira não se encerra no encontro, mas se prolonga para a eternidade.
E aí, aquele que é amigo (a) verdadeiro (a) é possuído pelo sentimento do qual dissera a raposa ao pequeno príncipe: “torna-te eternamente responsável por aquilo que cativas”. Mesmo sem querer, mesmo sem demonstrar, o amigo é aquele que com sua amizade cuida de nós.
Rever amigos, estar com eles, é nos encontrarmos um pouco mais com nossa própria história, com nosso eu, e assim, reconhecermos que na vida não estamos sozinhos, nem tampouco somos pessoas desvalorizadas, somos importantes porque temos pessoas, amigos, que nos cercam e nos fazem crer que mesmo na distância há a possibilidade de se estar ao lado e concomitantemente recebermos força e carinho.
Aos amigos de ontem e de hoje, daqui e de lá, muito obrigado pela força e pelo incentivo de todos vocês.
A saudade e a amizade
Sentado no banco da estação Barra Funda, na capital paulista, notei que se aproximava da plataforma de embarque uma família. Enquanto os adultos se despediam dos parentes que deixariam na grande cidade, uma menininha chorava muito, abraçando sua tia dizia que iria sentir saudades.
Lembro-me que quando criança, eu também chorava muito ao me despedir das pessoas, na verdade parece que o momento da despedida é único, como se não houvesse mais oportunidade de estarmos com aquela ou aquelas pessoas que amamos. Nessa hora o MSN, Facebook, e outras redes sociais se reduzem a nada, porque ainda que nos falemos por esse meio, será meio difícil notar o sorriso, sentir o abraço...
A palavra despedida vem acompanhada de saudade. E saudade, como costumo dizer, é o sentimento mais nobre de quem ama. Quem consegue sentir saudade é porque amou e viveu intensamente algum momento de sua vida com pessoa ou pessoas que marcarão para sempre sua história.
É a dinâmica da vida! Algumas pessoas possuem a graça de entrar em nossa vida e marcar a nossa história. E quando as conhecemos é muito difícil querermos nos separar, afinal elas parecem constituir uma parte de nós. Porém, o até logo é necessário para que o sentimento que nasceu do encontro perdure e amadureça em nossa vida.
Quando há amor, amizade verdadeira, não importa a distância, o que importa é o sentimento de saber que em algum lugar, alguém espera por você e torce para que dê tudo certo em sua vida. Por mais longe que você possa estar das pessoas que ama, elas se tornam muito perto quando as trazemos na memória e, mesmo que por um instante nostálgico, conseguimos senti-las bem juntinha de nós.
Isso é saudade! Não quero com esse texto alimentar um saudosismo, mas levar você, leitor (a) a valorizar as pessoas que aparecem em sua vida, e que não entram nela por acaso. Muitas vezes vivemos tão fechados em nosso mundinho que não conseguimos permitir que novas pessoas ou novas amizades façam parte de nossa vida. E por isso perdemos a grande chance de nos sentirmos amados.
Deus coloca pessoas em nossa vida para que aprendamos a colocá-las em nosso coração, para que quando elas partirem ou se distanciarem de nós, permaneçam dentro de nós.
Assim são vocês, missionários e missionárias da Semana Missionária Salesiana 2011, volto pra casa mais feliz por ter conhecido cada um de vocês. Agradeço pelas lições que me ensinaram. O ser jovem de vocês me faz acreditar numa juventude que sabe para onde vai. Bem como me dá ânimo para continuar investindo e apostando todas as fichas na juventude! Deus os abençoe! Espero encontrá-los em breve!
“TE GOSTO!”
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Os bombons e a vida
Sábado chuvoso, propício para viajar, refletir, rezar ou ainda dormir. Saí cedo de casa, dirigi-me ao terminal rodoviário, tinha uma missão a cumprir. Esperei o ônibus, quando ele chegou tomei meu lugar na fila, aliás, descobri que as pessoas amam fila, se todos compramos uma única poltrona naquele ônibus para que a fila para entrar nele? Mas enfim, lá estava eu.
Subi os degraus, entrei e comecei a procurar meu lugar... encontrei, sentei e vi, na poltrona ao lado, um casal, não namoravam, mas notava-se que o menino estava apostando todas as “fixas” para conquistar o coração da menina.
O ônibus começou a deixar o terminal... os primeiros pingos de chuva começaram a escorrer pela janela, brevemente olhei para fora, via a chuva que caia e como uma gota que do alto vem abaixo assim aconteceu com meus olhos, fecharam-se, quando dei por conta o ônibus já entrava no posto, para nos alimentarmos.
Depois de alguns minutos voltamos para o ônibus... eu já estava em meu lugar, olhei para a porta e eis que surge subindo os degraus o menino com uma caixa de bombons. Pensei: na certa é para impressionar a mocinha. Dito e feito! Deliciaram-se com os chocolates durante toda a viagem, mas antes de entregar a caixa, ele disse uma frase muito comum e que me fez refletir: “trouxe pra você, para adoçar a vida!”
Fiquei pensando nesse “adoçar a vida” e comecei a perceber que há grande semelhança entre nossa vida e a caixa de bombons. Pense comigo: a caixa é a vida, os bombons são os momentos que passamos. Uns são meio amargos, outros são mais recheados, alguns trufados, outros nem tanto; a questão é que não importa como sejam, sempre os comemos. Assim também com os momentos de nossa história, ruins ou bons temos que enfrentá-los.
Quando nós nos deliciamos, degustamos cada bombom, ao término da caixa dizemos: “Poxa! Como estavam deliciosos! Valeu a pena!” O mesmo acontece com a vida. Quando degustamos, vivemos cada momento, nós aprendemos muito, e aí, quando já estivermos no fim de nossa vida, um sentimento de gratidão irá nos invadir e diremos: Poxa! Como valeu a pena viver!
Precisamos seguir os conselhos de Gonzaguinha e assim aprendermos a “viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz” Lembremo-nos de cantar, sempre, a beleza de ser um eterno aprendiz!
sábado, 2 de julho de 2011
As estrelas e a vida
Na mesa de um barzinho, jogando conversa pro ar, eis que minha interlocutora, uma amiga, diz a seguinte frase: “gosto muito de viajar a noite para contemplar as estrelas”. Fiquei com essa frase na mente, sentia que precisava escrever algo sobre as estrelas, e o que falar de algo tão magnífico, que fala por si?
Até aqui o objetivo dos textos que tenho escrito é para ajudar você, estimado (a) leitor (a) a olhar para as coisas simples da vida que podem nos trazer grandes lições. Essa reflexão sobre esses astros do céu também segue esse desejo.
Não acontece diferente com as estrelas. Pontos minúsculos iluminam o céu, romântico para alguns, um espetáculo para outros. Fato é que elas estão sempre lá, vejam nossos olhos ou não. Você já percebeu que quanto mais você fixa o olhar no céu mais estrelas você verá?
Estrelas são estrelas em qualquer lugar, mas a maneira com que olhamos para ela, bem como o lugar de onde as contemplamos, pode fazer com que elas desapareçam. Por exemplo: se você vai a noite ao centro de São Paulo ou de uma outra cidade e olha para o céu, raramente verá estrelas, mas se você for para o campo, um sítio, longe das “luzes da cidade” você verá a maravilha de uma noite estrelada.
As luzes artificiais ofuscam a luz verdadeira. Quando estamos na cidade as luzes são tão fortes que nossa atenção se desvia e por mais que queiramos fixar nossos olhos no céu não veremos estrelas ou até encontraremos alguma, mas para vê-las é preciso por um instante fazer com que as luzes artificiais da cidade, dos postes, das lojas , dos carros, apaguem-se em nós, ao nosso redor.
Isso, por um instante, faz-me pensar: que luz tenho contemplado em minha vida? Luzes artificiais nos fazem olhar para aquilo que é artificial, enquanto as estrelas dirigem nosso olhar para o céu, aquilo que é eterno. Enquanto nos prendemos no que é finito, efêmero, passageiro, perdemos a oportunidade de experimentar o infinito, eterno, divino que habita em nós.
Contemplamos as luzes artificiais ou contemplamos as estrelas? A verdade é que somos cegos, mas não cegos de uma cegueira comum, mas sim como aquela dita por José Saramago em sua obra Ensaio sobre a cegueira. Somos nós esses cegos que “estando cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem”.
Trazemos conosco essa cegueira, que não nos permite olhar para a realidade, tampouco nos faz questioná-la, por isso vamos vivendo na mentira, contemplando as luzes artificiais que nos são impostas por um sistema que nos escraviza, e quando damos por conta, aceitamos todas as mentiras, olhamos tanto para as falsas luzes que nossos olhos já se acostumaram, que se torna difícil olharmos para uma luz verdadeira, de esperança, de vida. Os olhos sempre encontram aquilo que o coração procura! Para onde temos olhado?
Até aqui o objetivo dos textos que tenho escrito é para ajudar você, estimado (a) leitor (a) a olhar para as coisas simples da vida que podem nos trazer grandes lições. Essa reflexão sobre esses astros do céu também segue esse desejo.
Não acontece diferente com as estrelas. Pontos minúsculos iluminam o céu, romântico para alguns, um espetáculo para outros. Fato é que elas estão sempre lá, vejam nossos olhos ou não. Você já percebeu que quanto mais você fixa o olhar no céu mais estrelas você verá?
Estrelas são estrelas em qualquer lugar, mas a maneira com que olhamos para ela, bem como o lugar de onde as contemplamos, pode fazer com que elas desapareçam. Por exemplo: se você vai a noite ao centro de São Paulo ou de uma outra cidade e olha para o céu, raramente verá estrelas, mas se você for para o campo, um sítio, longe das “luzes da cidade” você verá a maravilha de uma noite estrelada.
As luzes artificiais ofuscam a luz verdadeira. Quando estamos na cidade as luzes são tão fortes que nossa atenção se desvia e por mais que queiramos fixar nossos olhos no céu não veremos estrelas ou até encontraremos alguma, mas para vê-las é preciso por um instante fazer com que as luzes artificiais da cidade, dos postes, das lojas , dos carros, apaguem-se em nós, ao nosso redor.
Isso, por um instante, faz-me pensar: que luz tenho contemplado em minha vida? Luzes artificiais nos fazem olhar para aquilo que é artificial, enquanto as estrelas dirigem nosso olhar para o céu, aquilo que é eterno. Enquanto nos prendemos no que é finito, efêmero, passageiro, perdemos a oportunidade de experimentar o infinito, eterno, divino que habita em nós.
Contemplamos as luzes artificiais ou contemplamos as estrelas? A verdade é que somos cegos, mas não cegos de uma cegueira comum, mas sim como aquela dita por José Saramago em sua obra Ensaio sobre a cegueira. Somos nós esses cegos que “estando cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem”.
Trazemos conosco essa cegueira, que não nos permite olhar para a realidade, tampouco nos faz questioná-la, por isso vamos vivendo na mentira, contemplando as luzes artificiais que nos são impostas por um sistema que nos escraviza, e quando damos por conta, aceitamos todas as mentiras, olhamos tanto para as falsas luzes que nossos olhos já se acostumaram, que se torna difícil olharmos para uma luz verdadeira, de esperança, de vida. Os olhos sempre encontram aquilo que o coração procura! Para onde temos olhado?
quinta-feira, 30 de junho de 2011
O carro e a estrada
Partia eu para mais uma missão, cidade de destino: São Carlos, SP. Assim como as outras viagens que já narrei por aqui, essa também me reservava uma surpresa. E que surpresa! Como eu estava há alguns quilômetros de distância do lugar onde iria me encontrar com os jovens sãocarlenses, um amigo ofereceu-me uma carona, de prontidão, aceitei. Combinamos tudo uma noite antes, via telefone.
O dia amanheceu... levantei cedo, revi alguns pontos de minha pregação para aquele dia...tomei um banho...café da manhã... fui escovar meus dentes e quando estou quase acabando ouço um carro. Terminei de arrumar minha mochila, coloquei-a nas costas e ao sair no portão, a surpresa: pense num carro que já não se produz mais...pensou? esse era o carro que eu ia viajar. Muito antigo, porém bem conservado.
Esbocei um sorriso, mas não disse nada, afinal eu sabia que iria aprender algo com aquela viagem. Entrei no carro, sentei-me, ao puxar o cinto de segurança dei-me conta de que não havia... enquanto rodávamos pelas ruas da cidade na qual eu me encontrava, me sentia como num dos filmes dos anos 70 com aquele carro, repito, antigo, porém, conservado.
Entrando na rodovia, fui olhar pelo retrovisor, para ver se vinha algum carro atrás, notei que o carro possuia apenas um retrovisor. De imediato pensei: não chegarei hoje! Mas, o ‘carrinho’ andou muito bem, e ainda ultrapassou dois carros na estrada.
Cheguei dez minutos adiantado no meu destino, foi uma aventura e tanto, mas também foi uma escola. Fiquei a pensar em tudo o que aconteceu e como aconteceu, e não é que aprendi uma lição com tudo isso. Comecei a pensar que às vezes as pessoas são para nós ou nós para as pessoas, somos como esse carro, nós as subestimamos ou vice-versa, achamos que elas não são capazes, mas basta acreditarmos e elas poderão realizar grandes coisas.
Eu não conhecia o carro, mas o dono sim, o motorista sabia o quanto o carro era bom, a ponto de oferecê-lo para essa viagem. O mesmo acontece conosco, Deus sabe o quanto somos importantes e capazes, por isso nos chama a andarmos na estrada da vida, cientes de que Ele acredita em nós, mesmo que as pessoas que nos acompanham pensem que não temos valor ou capacidade alguma.
A você, irmão, que prontamente ofereceu-me essa carona e acreditou nas capacidades e se doou, muito obrigado por ter me ensinado belas coisas sobre o valor das coisas, das pessoas e de mim mesmo.
As pipas e os pássaros
O sol já se punha. Pela janela do ônibus eu via o passaredo a dar seu show nos céus. Pássaros sempre foram animais que admirei, sempre os vi a voar tão livres. A liberdade chama minha atenção. Ainda há poucos dias eu estava pensando nessa liberdade que os pássaros possuem e cheguei à conclusão que pagam caro por ela.
Às vezes ao contemplá-los exclamava: “como eu queria ser um pássaro!” Olhando para eles, pensava comigo: mas são animais que ficam muito expostos aos perigos da chuva e do frio. Nisso se assemelham conosco, é bem verdade que não podemos voar, mas somos livres para caminharmos por onde quisermos, mas esse caminho nos expõe a riscos que somente se confiarmos em nossos passos, poderemos seguir em frente.
O ônibus seguia sua rota, as paisagens passavam como quadros pintados por um artista mais do que profissional, em meio a tanta natureza, eis que um dedo de humanidade surgiu nos céus. Fixei meus olhos e notei que eram várias pipas (brinquedos que voam fitos de varetas de bambu e papel de ceda, amarrados por uma linha).
As pipas são “pássaros humanos” que possuem sua liberdade no carretel de linha da pessoa que o manipula. Quanto mais linha a pessoa solta, mais longe e mais alto vai a pipa. Pássaros, pipas, homens, mulheres... temos uma liberdade de pássaros ou de pipas?
Penso que as pipas são o desejo e anseio dos homens de voar e serem livres, exteriorizado numa folha de ceda, unida a varetas de bambu e amarrados por uma linha, essa é a pipa, que voa onde os homens querem. Um simples detalhe faz toda diferença. Quando vem a chuva e o frio muito forte é muito difícil ou quase nunca vemos as pipas nos céus, o que nos faz pensar que elas não enfrentam dificuldades como os pássaros.
Talvez seja por isso que os pássaros cantam tão bonito, é um canto de vitória pelos obstáculos superados na noite, momento em que os predadores mais atacam, obstáculos superados na chuva, quando precisam se esconder. Talvez seja por isso que em todas as manhãs e depois de uma tempestade, ouvimos os cantos e vemos a alegria dos pássaros, como se dissessem: mais um dia passou, mais uma dificuldade foi enfrentada. “Sentimento esse que pipa nenhuma possui. Às vezes penso que nascemos para ser como os pássaros, mas vivemos e insistimos em viver como pipas.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
O giz e a lousa
Quem dera ao giz e à lousa poder ensinar sem que alguém os manipulasse. Nesses quase seis anos trabalhando com adolescentes e jovens, uma das maiores perguntas que chegam até mim, através deles é: porque filosofia é tão chato? Eis a resposta: porque seu professor não sabe ensinar filosofia!
Às vezes fico me perguntando: como pode um ser fazer três anos de faculdade, sobre um curso maravilhoso, que é a filosofia, e só aprender a destruir, de maneira equivocada, a fé das pessoas que o cerca. Seria isso a filosofia? Não. Ela seria estéril se se resumisse em questionar a fé ou em trazer assuntos polêmicos apenas para que o professor mostrasse aos alunos que conhece mais do que eles.
Inocente professor! Seus alunos sabem mais do que você, porque enquanto se preocupa em instigá-los a dar respostas para questões fúteis, eles realizam perguntas muito mais profundas sobre a vida, sobre a existência de si e de sua relação consigo, com o outro e com o divino.
Um lembrete aos professores: seus alunos não têm culpa alguma de suas crises internas... Se sua experiência de vida é ruim deixe-os fazerem suas próprias experiências. Limite-se em ensinar filosofia e em filosofar, não em ficar jogando sobre seus alunos suas revoltas egoístas, para elas bastam uma boa atualização do pensamento.
Faria tanto bem uma filosofia bem ensinada. Os alunos teriam capacidade de crítica, iriam lutar pelos seus direitos, iram lutar por uma sociedade justa, fraterna. Quem dera se alguns professores de filosofia de hoje fossem como os de outrora, levantavam problemas que eram pertinentes e careciam de reflexão, quem dera se alguns alunos de hoje fossem como os de outrora, que questionavam, problematizavam, não tinham medo de perguntar ao professor. Mas hoje o aluno se vê incapaz de questionar o professor, porque o ‘prof’ já internalizou no aluno que ele é objeto e está ali não para questionar, mas para aprender. Aliás, a atitude de crítica e reflexão é tolhida ao ser humano desde pequeno, quando na idade dos porquês, vê suas questões tornarem-se motivo de bronca dos adultos.
Ora, não se aprende questionando? Então temos a solução, parafraseando as palavras do filósofo Marx: alunos, uni-vos! Questionem seus professores, interessem-se pelo assunto, investiguem, queiram saber. Não tenham medo de mostrar o que pensam, levem problemas para serem resolvidos nas aulas. Claro que aprendendo a argumentar corretamente e sempre respeitando o professor e os colegas, que também estão e devem estar buscando uma vida de maior reflexão e compreensão.
A filosofia não é algo apenas para quem a estuda, mas é algo para a vida de todos, todos fazemos filosofia a partir do momento que assumimos e realizamos atitudes filosóficas, o que é isso? É ser criança e perguntar o por quê? O quê? De tudo para assim, chegarmos às verdades nas respostas que tanto procuramos.
Professores de filosofia, não apenas questionem, mas ensinem caminhos para que seus alunos encontrem respostas... Atenção! Aponte caminhos, não o que você acha ser o certo, mas apresente-lhes todos os possíveis e deixe que eles façam uma reflexão própria e encontrem a verdade das coisas, desvelando a realidade a partir dos conceitos ensinados com o seu giz e sua lousa. Contudo, não se sintam ameaçados e nem desvalorizados, porque nós, infelizmente, por primeiro nos desvalorizamos, saibam que quanto mais vocês nos ensinarem a refletirmos e lutarmos por um mundo melhor, mais iremos construir um mundo belo pra nós e pra vocês.
terça-feira, 7 de junho de 2011
O 'selinho' e a saudade
Destino da viagem: Campinas, interior de São Paulo. Lá estava eu, em mais uma viagem, após mais uma missão cumprida. O cansaço era inevitável, porém, a alegria de ter se sentido útil na vida de alguém, na vida de alguns jovens me motivava.
Mochila nas costas, bilhete de passagem nas mãos, apresentei-o ao motorista, ele muito cordialmente desejou-me boa viagem, esbocei um sorriso e desejei também a ele, afinal, seria uma boa viagem se ele dirigisse bem.
Comecei a subir as escadas do ônibus e ao olhar para os primeiros bancos vi uma senhora, com os olhos brilhando, e não era o reflexo de seus óculos, mas era seu olhar dizendo-me: anda moço, entre rápido, para que o ônibus possa partir! Li logo o que me diziam os olhares da vovó...entrei no corredor, procurei meu lugar, que por sorte não estava ocupado por alguém que havia confundido o número da plataforma que embarcou com o da poltrona que iria sentar.
Tirei a mochila das costas, sentei-me, fones de ouvido: trilha sonora pras longas três horas e meia de viagem que começava a enfrentar. Após um cochilo, uma conversa com o companheiro ao lado, chegamos no posto, praticamente todos desceram, exceto a vovó, que aguardou ansiosa em seu lugar.
Após um lanche rápido, todos voltamos para o ônibus que seguiu sua rota. Enfim, cheguei ao meu destino, saindo de um breve cochilo, que fora interrompido pelas gargalhadas da poltrona vizinha, vi ao longe o ônibus se aproximar de Campinas, as luzes da cidade pareciam estrelas, mas vim a descobrir que para a vovó pareciam setas que indicavam o motivo de sua ansiedade.
Enfim na rodoviária, o ônibus parou, coloquei a mochila nas costas, dirigi-me para a saída ao passo que vi a vovó na janela acenar para um senhorzinho de sorriso simpático, óculos, e boina. Como ela estava na janela dependia da pessoa que estava no corredor dar lugar para ela passar... pois bem, notei o aceno, desci na frente, andei um pouco e parei para observar a cena, talvez rara nos dias de hoje.
Minha mente já pensava: que bonito, será que vai rolar um beijo de boas vindas? E não é que teve mesmo, que cena maravilhosa. Um ‘selinho’ selou o fim da saudade de uma vovó e de um vovô. Juntos, abraçados, um apoiado no outro, saíram da plataforma... contemplei por um instante a cena...lembrei-me que precisava comprar passagens, pegar o circular para casa, já estava atrasado!
Continuei a andar, seguir meu destino, mas aprendi nessa viagem: não importa o quanto o tempo passe, o amor sempre permanece, há uma música chamada “Amor nunca morre” do padre Zezinho e diz o seguinte: “amor que é amor nunca morre, mas pode também suceder, que falta de quem o cultive ele viva pequeno e não chegue a crescer.”
Ame as pessoas, cultive amor, para que ele nunca morra e assim possa estar sempre crescendo e envolvendo sua vida. Que o verdadeiro amor possa aquecer os nossos corações nesse tempo de frio, afinal nas palavras do poeta Luis Vaz de Camões: “amor é fogo que arde sem se ver”. Amemos e nos deixemos amar. Nos simples gestos cultivamos o amor. Você já o cultivou hoje?
segunda-feira, 6 de junho de 2011
A revolta de um brasileiro
Quatro de junho de dois mil e onze! O Rio de Janeiro amanheceu como passarela de desfile para os órgãos responsáveis pela ordem pública do Estado. Eu estava me preparando para viajar... acordei, banho tomado, mala pronta, pensei: vou ouvir um pouco de notícia antes de sair. Liguei o rádio, jornal da CBN fazia a cobertura da manifestação dos bombeiros no Rio de Janeiro. De imediato liguei o computador, acessei o site de notícias da Globo (G1), e estava lá! Homens de honra lutando pela sua dignidade.
Porém, meu rosto corou de vergonha quando vi autoridades públicas dando ordem a outros homens fardados para entrarem no quartel que até então estava sendo ocupado pelos quase 2 mil manifestantes, incluindo bombeiros, mulheres e crianças. Que país é esse? Que governo é esse? Quer mostrar serviço, quer fazer bonito pra estrangeiro ver?
Segundo as notícias, os bombeiros que ganham um salário de R$950,00 estavam reivindicando reajuste salarial e vale transporte. Já há dois meses tentavam negociar com o governo esse aumento, que até então não chegou. Eu queria ver esses ladrões de gravata sem os auxílios que ganham.
Meu texto é de revolta! Cansei de ver homens de farda e uniforme se escondendo em roupas tão dignas. E isso se aplica aos muitos que nesse país usam um paletó e gravata e se sentem os donos da verdade.
O país está cansado desses opressores, mentirosos. Está, há mais de uma semana, pipocando protestos no país, seja no Pará, por conta da construção da Usina Belo Monte, seja em São Paulo com a greve dos transportes públicos, e agora, no Rio de Janeiro com os bombeiros.
Vamos parar de fazer vista grossa! O povo quer viver em paz e com dignidade. Não quer deixar os ricos mais ricos. O povo quer justiça! Só isso, alguns políticos fazem vista grossa, continuam aprovando leis e mais leis para que o bolso deles encham cada vez mais, vinte vezes mais, e para que alguns nesse país tenham vinte vezes menos.
É hora de mudar isso! Cadê os jovens? Cadê a voz do povo? Cadê a justiça e o caráter desse país? Que gritem os povos clamando sua liberdade e esse grito possa ser uma “bomba de efeito moral”, para essa gente que não tem moral alguma e quer vir falar de ordem pública e justiça. Desordem pública é o dinheiro desviado pelo colarinho branco, desordem e desrespeito com o patrimônio público é ter cada vez mais empresas querendo privar pessoas de estarem no seu lar. Vergonha e revolta de um brasileiro que somente gostaria de ver o seu país mais justo, mais solidário, mais fraterno, mais verdadeiro. Como se omitir diante de tudo o que está acontecendo?
terça-feira, 31 de maio de 2011
O sentido da vida
Muitas vezes, por conta do corre-corre da vida, vamos esvaziando o sentido dos momentos que passam pela nossa história. Momentos alegres, tristes, e por estarmos cegos nem se quer aprendemos com nossas experiências.
Tudo passa muito rápido, o tempo voa e leva consigo pessoas amadas ou não, amiga ou não, nas palavras da poetiza Cecília Meireles: “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.” Assim também acontece com os momentos de nossa vida.
Certa vez eu estava muito desanimado e pessimista, decidi sair com alguns amigos, fomos para o Shopping, estávamos ali na praça de alimentação quando por um instante me vi sozinho. Comecei a observar as pessoas e olhando-as pensava: “o que é nossa vida? Vivemos para morrer?... amizades, amores, tudo se reduz a pó no término de nossa vida? Olhava os jovens e me perguntava: todos muito alegres, com seus amigos (as), namorados (as), abraçavam, beijavam... até parece que não iriam envelhecer... e quando a velhice chegar? Eles estarão numa casa esperando a morte e outros jovens estarão a curtir a vida e nem se quer irão se lembrar deles.... perguntava pra mim mesmo: o que será desses jovens amanhã? Como serão as crianças? Eu? E você que me lê? O que seremos no amanhã?
Após esse momento comecei a buscar respostas e percebi que as pessoas vão ao shopping sempre acompanhadas, vão ali para estreitar os laços de amizade, vão ali para que momentos alegres ou tristes se eternizem em suas vidas.
Eureka! A vida seria mesquinha demais se fosse feita apenas de momentos e esses momentos não trouxessem para nossa vivência um sentido. Voltei para casa, mas pensando tudo isso: como valorizar os momentos da vida? Como encontrar esperanças? Refazer as forças?
Dúvidas no coração e na mente... ainda pouco antes de dormir conversava com uma amiga sobre o que estava pensando e ela deu-me um conselho que não esquecerei tão fácil...ao dizer para ela das minhas angústias e minha falta de esperança, ela me disse: “converse com crianças...elas sempre enxergam tudo tão lindo”.
Ao ouvir isso um sorriso se abriu, era uma alegria que vinha do coração, fiquei sem palavras, por um instante nostálgico (um momento de saudade) pude viajar e visualizar o sorriso que brota da pureza de uma criança... como se eu tivesse encontrado o elixir da longa vida (como se tivesse encontrado uma composição química que fosse prolongar toda minha vida, deixando-me imortal), e talvez o tenha, terminei a conversa e fui me deitar; ao encostar a cabeça no travesseiro me lembrei das palavras de Jesus: “deixai as criancinhas virem a mim e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus”... “aquele que não receber o reino de Deus como uma criancinha, não entrará nele” (Lucas 18, 16-17).
E já quase no fechar dos olhos uma frase ressoava no coração: “converse com as crianças... elas enxergam tudo tão lindo... converse com as cri-an-ças... elas enxergam tu-do tão lin-do...”
segunda-feira, 23 de maio de 2011
O menino e o cubo
Domingo, finalzinho de tarde, o sol já se escondia, todos voltavam da casa da mãe para as suas casas e eu em mais uma viagem. Algo interessante me chamou a atenção, quando o ônibus parou em uma cidadezinha do interior de São Paulo, entrou uma família muito jovem, como todo bom jovem, tinham no rosto o desejo pela aventura, mas também as marcas de uma vida vivida com alegria, porém em meio às dores, como que se as marcas dissessem: - Aprendemos com o tempo!
O menino, de uns 8 anos entrou na frente, todo entusiasmado, depois dele a mãe e por último o pai, como se estivesse guardando toda a família. O menino nem precisou ler no bilhete qual era a poltrona de seus pais, já foi logo sentando na janela. Porém, ali não era seu lugar, era o lugar de seu pai, que o repreendeu duramente por estar ocupando um lugar que não era dele. Logo, o pai mandou que o menino sentasse na poltrona correspondente ao que haviam comprado para ele.
Mas qual não foi a surpresa do menino, o seu lugar não era na janela, e pra falar a verdade quem de nós não gosta de viajar na janela, principalmente quando criança, temos a impressão que somos nós quem estamos a dirigir o ônibus, nos sentimos o máximo.
Pois bem, mas mesmo assim, o menino sentou na poltrona ao lado da janela, entrou então uma mocinha, a dona do lugar onde o menino ocupara, com uma face entristecida, com os olhinhos quase a lacrimejar foi para o seu lugar; a mocinha então disse: - pode sentar na janelinha!
O menino todo feliz voltou e ficou quietinho, vi, então que seu pai tirou de uma das malas um cubo mágico e entregou ao menino. Meus olhos já cansados de sono se fecharam e adormeci.
Estava n meu cochilo e de repente, de sobressalto, acordei com a seguinte exclamação: - Paaaaai! Ao abrir os olhos, eles se voltaram para a pessoa do menino que com um sorriso e com o braço estendido na direção do pai mostrava a proeza que conseguira realizar: deixar um lado do cubo com as cores iguais.
É bem verdade que o menino teria distração para a viagem toda, afinal, ainda tinha muito trabalho pela frente; até conseguir deixar o cubo mágico montadinho iria levar um pouquinho de tempo. Mas o interessante é que ele se alegrou por ter acertado ao menos um lado do cubo. O pai, como resposta à alegria do filho, fixou seu olhar no olhar do menino, sorriu e lhe disse: - Na vida esforce-se sempre para que os maus momentos ou a desordem não sejam um motivo para que você desista. É importante lutar sempre por aquilo que acredita.
O ônibus chegou ao seu destino, a mãe à frente seguida do menino e depois o pai. Ao continuar observando a família, mas agora fora do ônibus, pegando as malas que estavam no bagageiro, percebi que o menino olhava para mim, quando nossos olhares se cruzaram fiz um sinal de jóia, ele correspondeu, o ônibus partiu e para mim ficou a mensagem: Siga seu caminho, lutando pelos seus sonhos e sendo paciente nos momentos em que tudo parecer estar confuso.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Quando vi era Jesus
Ainda estamos ruminando essa boa nova: Jesus está vivo em nosso meio. Vemo-nos diante de uma passagem belíssima, a passagem de Emaús. Três coisas chamam a nossa atenção neste Evangelho:
1º - A tristeza dos discípulos;
2º - A presença de Jesus;
3º - A alegria de anunciar o Ressuscitado.
A TRISTEZA DOS DISCÍPULOS
Relembremos um pouco a história e vamos ver que os discípulos estão caminhando e então lhes aparece Jesus. E eles estavam conversando, certamente comentavam sobre o acontecimento da cruz e morte do Senhor. Mas, diz o texto que quando Jesus apareceu os discípulos não o reconheceram (Cf. Lc 24,16).
Qual será o motivo pelo qual os dois peregrinos não conseguiram descobrir que era Jesus? Certamente ambos estavam desiludidos com o que acontecera, ou seja, estavam ainda chorando a morte do Senhor. Eles esperavam um Jesus libertador, que pudesse derrubar, usando da força, os poderosos; esperavam de Jesus um guerreiro. Mas com a sua morte de cruz viram que o “guerreiro” havia perdido a batalha, era como um derrotado. E eles estavam tristes por isso, porque haviam apostado tudo em Jesus, mas agora não conseguiam compreender porque Ele havia morrido.
A tristeza dos discípulos são também as nossas tristezas, quantos de nós já não conseguimos enxergar o Senhor. Porque nossos olhos estão voltados para as mortes de nossa vida. A estrada de Emaús é também a nossa estrada, é a nossa vida. E os discípulos somos nós, sou eu e você que caminhamos. E o que falamos pelo caminho? Falamos das maravilhas de Deus em nossa vida ou fazemos fofocas, intrigas, choramingamos e reclamamos dos nossos problemas?
Se hoje Jesus nos aparecesse e perguntasse sobre o que estamos conversando, o que diríamos? Talvez tivéssemos a mesma resposta inocente dos discípulos de Emaús: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”.
A PRESENÇA DE JESUS
O mais bonito nesta passagem é que Jesus não se impõe, ou seja, ele se aproxima dos discípulos, conversa com eles e como se fosse um deles vai recordando todas as passagens que falavam sobre sua vinda, sua morte e sua ressurreição.
Conforme Jesus vai falando algo diferente começa a acontecer no coração daqueles homens. Pois as palavras de Jesus são palavras de esperança, palavras que fazem com que os discípulos possam voltar a acreditar que o Messias, o Cristo, está vivo, ressuscitado.
Fato curioso acontece quando os discípulos chegam ao seu destino e então Jesus faz como quem ia mais adiante, mas os discípulos por perceberem que havia algo de diferente naquele homem, pedem: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus aceita o convite, entra na casa, abençoa o pão e o reparte com os que se encontravam na casa. E depois desaparece.
Ainda hoje essa cena se repete. Na Missa, fazemos essa caminhada de Emaús, e podemos, também, sentir arder o nosso coração tendo a certeza de que Jesus está em nosso meio. Afinal, na missa Ele nos fala pelos profetas, que são as leituras que ouvimos; depois de ouvir, fazer esse exercício de aprender do Senhor, através de sua Palavra Revelada, nós queremos mais, por querer mais nós também clamamos: “fica conosco, Senhor!”
Ao ouvirmos a sua palavra vamos criando em nosso coração uma certeza: a certeza de que Deus é um Deus conosco, e assim como não abandonou o povo de Israel no Primeiro Testamento, tanto mais não nos abandonará agora, em nossos momentos de desilusão.
E prova disso, de que ele continuará nos amando e nos dando forças, é a Eucaristia, o pão, o Cristo vivo e ressuscitado em nosso meio. Quando estamos diante da Eucaristia nossos olhos se abrem e conseguimos reconhecer Jesus em nossa vida. Porém nossos olhos só irão se abrir quando deixarmos Jesus ficar conosco. Veja, os discípulos foram ousados, e pediram “fica conosco”. O que ainda nos impede de deixar Jesus agir em nossa vida?
A ALEGRIA DE ANUNCIAR O RESSUSCITADO
Assim que Jesus partiu o pão os discípulos se tornaram testemunhas de que Jesus estava ressuscitado. O interessante é que quando foram contar para os apóstolos o que tinha acontecido, eles disseram como tinham podido reconhecer Jesus no partir do pão.
Meus irmãos (ãs), no início desta reflexão eu comparei nossa pessoa com a pessoa dos discípulos de Emaús, mas, agora, encerro pedindo que possamos ser Jesus na vida das pessoas. Porém, só o seremos de fato quando o nosso coração se abrir a Ele e o deixarmos agir em nossa vida.
Existem muitos irmãos desanimados na caminhada. Se fazemos uma experiência com o Senhor na missa, através de sua Palavra e de seu corpo eucarístico, nós somos convidados a sermos pessoas de alegria e que levam a esperança. Não levamos fofoca, não levamos desilusão, mas levamos o amor, a esperança e a alegria que são frutos da ressurreição de Jesus.
Talvez você se pergunte, “mas, como posso ser um Cristo na vida dos meus irmãos?” Dando-lhes esperança, levando uma palavra amiga, mas sobretudo, repartindo o pão. O pão material e o pão espiritual, isso não um assistencialismo barato, mas é dar o pão, repartir o que se tem, não só pão, mas dar oportunidade para que as pessoas se sintam valorizadas e assim, teremos um mundo mais justo e fraterno onde veremos que verdadeiramente Cristo está vivo e presente em nosso meio.
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