Na mesa de um barzinho, jogando conversa pro ar, eis que minha interlocutora, uma amiga, diz a seguinte frase: “gosto muito de viajar a noite para contemplar as estrelas”. Fiquei com essa frase na mente, sentia que precisava escrever algo sobre as estrelas, e o que falar de algo tão magnífico, que fala por si?
Até aqui o objetivo dos textos que tenho escrito é para ajudar você, estimado (a) leitor (a) a olhar para as coisas simples da vida que podem nos trazer grandes lições. Essa reflexão sobre esses astros do céu também segue esse desejo.
Não acontece diferente com as estrelas. Pontos minúsculos iluminam o céu, romântico para alguns, um espetáculo para outros. Fato é que elas estão sempre lá, vejam nossos olhos ou não. Você já percebeu que quanto mais você fixa o olhar no céu mais estrelas você verá?
Estrelas são estrelas em qualquer lugar, mas a maneira com que olhamos para ela, bem como o lugar de onde as contemplamos, pode fazer com que elas desapareçam. Por exemplo: se você vai a noite ao centro de São Paulo ou de uma outra cidade e olha para o céu, raramente verá estrelas, mas se você for para o campo, um sítio, longe das “luzes da cidade” você verá a maravilha de uma noite estrelada.
As luzes artificiais ofuscam a luz verdadeira. Quando estamos na cidade as luzes são tão fortes que nossa atenção se desvia e por mais que queiramos fixar nossos olhos no céu não veremos estrelas ou até encontraremos alguma, mas para vê-las é preciso por um instante fazer com que as luzes artificiais da cidade, dos postes, das lojas , dos carros, apaguem-se em nós, ao nosso redor.
Isso, por um instante, faz-me pensar: que luz tenho contemplado em minha vida? Luzes artificiais nos fazem olhar para aquilo que é artificial, enquanto as estrelas dirigem nosso olhar para o céu, aquilo que é eterno. Enquanto nos prendemos no que é finito, efêmero, passageiro, perdemos a oportunidade de experimentar o infinito, eterno, divino que habita em nós.
Contemplamos as luzes artificiais ou contemplamos as estrelas? A verdade é que somos cegos, mas não cegos de uma cegueira comum, mas sim como aquela dita por José Saramago em sua obra Ensaio sobre a cegueira. Somos nós esses cegos que “estando cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem”.
Trazemos conosco essa cegueira, que não nos permite olhar para a realidade, tampouco nos faz questioná-la, por isso vamos vivendo na mentira, contemplando as luzes artificiais que nos são impostas por um sistema que nos escraviza, e quando damos por conta, aceitamos todas as mentiras, olhamos tanto para as falsas luzes que nossos olhos já se acostumaram, que se torna difícil olharmos para uma luz verdadeira, de esperança, de vida. Os olhos sempre encontram aquilo que o coração procura! Para onde temos olhado?
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