Muitas vezes, por conta do corre-corre da vida, vamos esvaziando o sentido dos momentos que passam pela nossa história. Momentos alegres, tristes, e por estarmos cegos nem se quer aprendemos com nossas experiências.
Tudo passa muito rápido, o tempo voa e leva consigo pessoas amadas ou não, amiga ou não, nas palavras da poetiza Cecília Meireles: “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.” Assim também acontece com os momentos de nossa vida.
Certa vez eu estava muito desanimado e pessimista, decidi sair com alguns amigos, fomos para o Shopping, estávamos ali na praça de alimentação quando por um instante me vi sozinho. Comecei a observar as pessoas e olhando-as pensava: “o que é nossa vida? Vivemos para morrer?... amizades, amores, tudo se reduz a pó no término de nossa vida? Olhava os jovens e me perguntava: todos muito alegres, com seus amigos (as), namorados (as), abraçavam, beijavam... até parece que não iriam envelhecer... e quando a velhice chegar? Eles estarão numa casa esperando a morte e outros jovens estarão a curtir a vida e nem se quer irão se lembrar deles.... perguntava pra mim mesmo: o que será desses jovens amanhã? Como serão as crianças? Eu? E você que me lê? O que seremos no amanhã?
Após esse momento comecei a buscar respostas e percebi que as pessoas vão ao shopping sempre acompanhadas, vão ali para estreitar os laços de amizade, vão ali para que momentos alegres ou tristes se eternizem em suas vidas.
Eureka! A vida seria mesquinha demais se fosse feita apenas de momentos e esses momentos não trouxessem para nossa vivência um sentido. Voltei para casa, mas pensando tudo isso: como valorizar os momentos da vida? Como encontrar esperanças? Refazer as forças?
Dúvidas no coração e na mente... ainda pouco antes de dormir conversava com uma amiga sobre o que estava pensando e ela deu-me um conselho que não esquecerei tão fácil...ao dizer para ela das minhas angústias e minha falta de esperança, ela me disse: “converse com crianças...elas sempre enxergam tudo tão lindo”.
Ao ouvir isso um sorriso se abriu, era uma alegria que vinha do coração, fiquei sem palavras, por um instante nostálgico (um momento de saudade) pude viajar e visualizar o sorriso que brota da pureza de uma criança... como se eu tivesse encontrado o elixir da longa vida (como se tivesse encontrado uma composição química que fosse prolongar toda minha vida, deixando-me imortal), e talvez o tenha, terminei a conversa e fui me deitar; ao encostar a cabeça no travesseiro me lembrei das palavras de Jesus: “deixai as criancinhas virem a mim e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus”... “aquele que não receber o reino de Deus como uma criancinha, não entrará nele” (Lucas 18, 16-17).
E já quase no fechar dos olhos uma frase ressoava no coração: “converse com as crianças... elas enxergam tudo tão lindo... converse com as cri-an-ças... elas enxergam tu-do tão lin-do...”
Adorei! vc é tao intenso em tudo que vive e fala!!
ResponderExcluirforte abraço!
Robson, Heidegger dizia que somos seres para a morte. Quando nos deparamos com situação de morte,repensamos o sentido de nossas vidas. Viver cada momento como se fosse o último, contemplar cada flor como se fosse a única, aproveitar as conversas com os amigos (ou mesmo umas piadas na sala de aula, rsrs)nos tornam mais humanos e mais 'vivíveis'. Não é fazer como Sísifo que, condenado, carregava perpétuamente sua pedra ao cume da montanha, sem escolha do que fazer, mas usufruir das pedras que a vida nos dá, tornando-as uma fonte da nossa alegria.
ResponderExcluirObrigado pelo seu texto!