Ainda estamos ruminando essa boa nova: Jesus está vivo em nosso meio. Vemo-nos diante de uma passagem belíssima, a passagem de Emaús. Três coisas chamam a nossa atenção neste Evangelho:
1º - A tristeza dos discípulos;
2º - A presença de Jesus;
3º - A alegria de anunciar o Ressuscitado.
A TRISTEZA DOS DISCÍPULOS
Relembremos um pouco a história e vamos ver que os discípulos estão caminhando e então lhes aparece Jesus. E eles estavam conversando, certamente comentavam sobre o acontecimento da cruz e morte do Senhor. Mas, diz o texto que quando Jesus apareceu os discípulos não o reconheceram (Cf. Lc 24,16).
Qual será o motivo pelo qual os dois peregrinos não conseguiram descobrir que era Jesus? Certamente ambos estavam desiludidos com o que acontecera, ou seja, estavam ainda chorando a morte do Senhor. Eles esperavam um Jesus libertador, que pudesse derrubar, usando da força, os poderosos; esperavam de Jesus um guerreiro. Mas com a sua morte de cruz viram que o “guerreiro” havia perdido a batalha, era como um derrotado. E eles estavam tristes por isso, porque haviam apostado tudo em Jesus, mas agora não conseguiam compreender porque Ele havia morrido.
A tristeza dos discípulos são também as nossas tristezas, quantos de nós já não conseguimos enxergar o Senhor. Porque nossos olhos estão voltados para as mortes de nossa vida. A estrada de Emaús é também a nossa estrada, é a nossa vida. E os discípulos somos nós, sou eu e você que caminhamos. E o que falamos pelo caminho? Falamos das maravilhas de Deus em nossa vida ou fazemos fofocas, intrigas, choramingamos e reclamamos dos nossos problemas?
Se hoje Jesus nos aparecesse e perguntasse sobre o que estamos conversando, o que diríamos? Talvez tivéssemos a mesma resposta inocente dos discípulos de Emaús: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”.
A PRESENÇA DE JESUS
O mais bonito nesta passagem é que Jesus não se impõe, ou seja, ele se aproxima dos discípulos, conversa com eles e como se fosse um deles vai recordando todas as passagens que falavam sobre sua vinda, sua morte e sua ressurreição.
Conforme Jesus vai falando algo diferente começa a acontecer no coração daqueles homens. Pois as palavras de Jesus são palavras de esperança, palavras que fazem com que os discípulos possam voltar a acreditar que o Messias, o Cristo, está vivo, ressuscitado.
Fato curioso acontece quando os discípulos chegam ao seu destino e então Jesus faz como quem ia mais adiante, mas os discípulos por perceberem que havia algo de diferente naquele homem, pedem: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus aceita o convite, entra na casa, abençoa o pão e o reparte com os que se encontravam na casa. E depois desaparece.
Ainda hoje essa cena se repete. Na Missa, fazemos essa caminhada de Emaús, e podemos, também, sentir arder o nosso coração tendo a certeza de que Jesus está em nosso meio. Afinal, na missa Ele nos fala pelos profetas, que são as leituras que ouvimos; depois de ouvir, fazer esse exercício de aprender do Senhor, através de sua Palavra Revelada, nós queremos mais, por querer mais nós também clamamos: “fica conosco, Senhor!”
Ao ouvirmos a sua palavra vamos criando em nosso coração uma certeza: a certeza de que Deus é um Deus conosco, e assim como não abandonou o povo de Israel no Primeiro Testamento, tanto mais não nos abandonará agora, em nossos momentos de desilusão.
E prova disso, de que ele continuará nos amando e nos dando forças, é a Eucaristia, o pão, o Cristo vivo e ressuscitado em nosso meio. Quando estamos diante da Eucaristia nossos olhos se abrem e conseguimos reconhecer Jesus em nossa vida. Porém nossos olhos só irão se abrir quando deixarmos Jesus ficar conosco. Veja, os discípulos foram ousados, e pediram “fica conosco”. O que ainda nos impede de deixar Jesus agir em nossa vida?
A ALEGRIA DE ANUNCIAR O RESSUSCITADO
Assim que Jesus partiu o pão os discípulos se tornaram testemunhas de que Jesus estava ressuscitado. O interessante é que quando foram contar para os apóstolos o que tinha acontecido, eles disseram como tinham podido reconhecer Jesus no partir do pão.
Meus irmãos (ãs), no início desta reflexão eu comparei nossa pessoa com a pessoa dos discípulos de Emaús, mas, agora, encerro pedindo que possamos ser Jesus na vida das pessoas. Porém, só o seremos de fato quando o nosso coração se abrir a Ele e o deixarmos agir em nossa vida.
Existem muitos irmãos desanimados na caminhada. Se fazemos uma experiência com o Senhor na missa, através de sua Palavra e de seu corpo eucarístico, nós somos convidados a sermos pessoas de alegria e que levam a esperança. Não levamos fofoca, não levamos desilusão, mas levamos o amor, a esperança e a alegria que são frutos da ressurreição de Jesus.
Talvez você se pergunte, “mas, como posso ser um Cristo na vida dos meus irmãos?” Dando-lhes esperança, levando uma palavra amiga, mas sobretudo, repartindo o pão. O pão material e o pão espiritual, isso não um assistencialismo barato, mas é dar o pão, repartir o que se tem, não só pão, mas dar oportunidade para que as pessoas se sintam valorizadas e assim, teremos um mundo mais justo e fraterno onde veremos que verdadeiramente Cristo está vivo e presente em nosso meio.
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