Era mais um dia como outro qualquer, meu destino naquele dia não era minha casa, mas sim o terminal rodoviário de Campinas, cheguei ao ponto de ônibus, não havia muitas pessoas por lá, logo alguns universitários se juntaram ali e pela conversa pude notar que eram da área de pedagogia.
Enquanto conversavam, numa tentativa de encontrar assunto para debater, uma das moças disse: “É primavera, e ainda não ouvi o canto das cigarras”, não sei por que, mas na hora essa frase me chamou a atenção, o ônibus chegou, entramos, sentei-me, e a frase estava batendo fortemente nas grades de meu pensamento, almejando sair para se ver livre e, quem sabe, ser canal de libertação.
“É primavera e ainda não ouvi o canto das cigarras”... interessante notar que a primavera é uma estação “equilibrada”, afinal, sucede o inverno e antecede o verão, ela está entre duas estações que costumam castigar demais nossos corpos bem como a natureza. Por isso, não quero me deter ao canto das cigarras, mas à estação da primavera, sobretudo na palavra tempo.
Muitos buscam encontrar paz na guerra, outros, paz no comodismo... tentativas inúteis nos levam a conseqüências trágicas...e, nesse sentido, recordo-me de uma das passagens bíblicas mais pertinentes e oportuna para esse texto; “tudo tem seu tempo”. Por mais que queiramos que tudo acabe muito rápido ou então que dure para sempre, há um tempo certo para todos os momentos e instantes de nossa vida.
Lembro-me que quando criança meu avô paterno repetia constantemente essa frase: tudo tem seu tempo. No tempo da vida somos hora, segundo e milésimo, nós o fazemos, nós o construímos, e com ele aprendemos. Se ele dura pouco ou muito de nada importa, o que vale mesmo é saber que o tempo que já vivemos valeu apena e serviu como lição e o tempo que nos resta esta aí para ser desfrutado colocando em prática o aprendizado do tempo passado, vivendo bem o tempo presente para se alegrar e enfrentar o tempo futuro.
Pensando dessa forma, faz todo sentido a frase dita pela pedagoga: é primavera e ainda não ouvi o canto das cigarras... até onde sei a vida de uma cigarra é de um a dois anos sendo que por pouquíssimo tempo, alguns meses, ela passa no solo, nos demais períodos ela fica no subsolo.
Entre uma curva e outra, entre uma estação e outra, já avistava ao longe o terminal no qual eu iria descer e num instante súbito a frase salta da mente para o coração e me faz sentir e perceber que as cigarras não cantam por que ainda estão no subsolo, pensando que não chegou a nova estação.
E olhando para as inúmeras pessoas que andavam na rua, e até mesmo olhando para dentro de mim, e convido você a, nesse instante, olhar também para sua vida e notar, agora sim, me referindo às cigarras, por quantas vezes não fazemos também esse papel. As pessoas não ouvem a beleza de nosso canto porque na verdade não acreditamos ou não queremos acreditar que, em nossa vida, já chegou uma nova estação. Quando ficamos presos no tempo passado, não vivemos o presente e não construímos o futuro.
Um novo canto precisa surgir em nossa vida. Afinal, o que seria dela sem problemas? Ter paz, como diria um grande amigo, não é estar ausente de problemas, mas é saber administrá-los em Deus. Há muitas pessoas em nossas casas, nos nossos círculos de amizade, que há tempos não ouvem nosso canto, é hora de cantar novamente, de sorrir, de sonhar, de juntar o que restou do passado, e seguir o caminho até esgotar o tempo que nos sobra.
Que cada dia, cada tempo, possa ser uma primavera, capaz de reencontrar forças para fazer reflorescer a vida destruída pelo frio intenso do inverno, mas, também, capaz de se preparar para o calor escaldante do verão. Na vida, passamos num único dia do inverno à verão e você poderia me perguntar e a primavera? A primavera é aquele tempo no qual depois de passar pelo frio castigador dos problemas do dia-dia paramos, refletimos nossas ações ganhamos vigor e continuamos a luta.
Lindo Robinho!!!
ResponderExcluirOlá Robson...
ResponderExcluirA Paz...
Muito pertinente este texto. Que Deus continue te usando pra falar em nossos corações.
Existe um tempo pra cada coisa, debaixo do céu.
Que o Senhor dos tempos cuide de seus passos...
Forte abraço...
Zé Duarte