Durante os dias da Jornada o que mais me impressionava era a diversidade de línguas e culturas, povos de diversas nações reunidos em uma só fé. Confesso que no segundo dia de Jornada não era possível nem mesmo entender o português, mas com o passar do tempo os ouvidos foram se acostumando, afinal, dependendo do lugar em que estávamos, ouvíamos de seis a sete línguas ao mesmo tempo.
Certa vez, quando caminhávamos para ouvir uma das catequeses, entramos no metrô e pudemos nos deparar com um número muito expressivo de jovens, tinham ali juventudes de aproximadamente cinco países diferentes; todos estavamos muito alegres e entusiasmados... nos lábios cada povo trazia uma canção religiosa cantada em seu país.
Nesse momento me veio ao coração a passagem bíblia descrita pelo evangelista Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos que diz: “E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas...” posso afirmar que esses seis dias de jornada foi uma experiência profunda do pentecostes na Igreja.
Cada um falava em sua língua, alguns poucos arriscavam algumas palavras num idioma que não era o seu, mas eis a graça, eis o milagre: mais de dois milhões de jovens, cada um falando em sua língua, mas se entendendo através de uma única expressão de linguagem: o amor.
Mesmo que não entendêssemos a língua um dos outros, enquanto cristãos sabíamos que falávamos uma única língua, e esta prevaleceu e foi muito usada nessa jornada, que é a linguagem do amor expresso na caridade de muitos peregrinos jovens. Muitas pessoas passaram mal, por conta do tempo quente e seco, mas como era bonito ver os irmãos se ajudando.
Uma cena que ficou em minha mente foi quando na vigília com o Papa, o sol nem havia se posto quando perto de mim estava uma menina passando mal, ela falava o espanhol, porém, a pessoa que a conduziu até perto de onde eu me encontrava falava o francês... como vi a menina ser abanada por uma camisa, peguei o leque que estava na mochila de uma das meninas do meu grupo e fui ajudar a refrescar a moça.
Cheguei, e fiquei ali por quase uma hora, quando a moça, que estava sentada pediu para se deitar, apoiando sua cabeça em minha perna ela permaneceu ali, deitada e eu a abanar... eis que então chegou a médica, que falava inglês, e então começou o pentecostes, para ajudar a moça fizemos o seguinte, um dos que estava conosco traduzia do espanhol para o inglês, a médica por sua vez passava as instruções para um holandês que falava francês e que traduzia para a mulher que naquele momento estava como responsável da jovem...bem, ela foi medicada, seus amigos chegaram e tudo correu bem.
Porém, pouco antes de tudo isso acontecer ela fez uma pergunta que me fez pensar ainda mais no pentecostes, ela disse: você não está cansado de ficar aí me abanando? Ao passo que respondi um simples e objetivo não, porém fiquei a pensar nessa pergunta e me veio uma resposta ao coração que não disse com palavras, mas tentei mostrar nos atos, qual a resposta? Quando se faz o bem não se cansa.
Eis a chave para entendermos o pentecostes! Os discípulos estavam alegres demais, cada um falando em sua língua própria, porém, todos se entendiam. E é assim ainda hoje na Igreja, muitos povos, muitas nações, mas todos nos entendemos porque o que fundamenta nossa fé não é uma mera gramática ortográfica, mas sim uma gramática que não se encontra nos livros e sim na vida de cada cristão que consegue expressar a linguagem do amor.
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