terça-feira, 7 de junho de 2011

O 'selinho' e a saudade

Destino da viagem: Campinas, interior de São Paulo. Lá estava eu, em mais uma viagem, após mais uma missão cumprida. O cansaço era inevitável, porém, a alegria de ter se sentido útil na vida de alguém, na vida de alguns jovens me motivava.
Mochila nas costas, bilhete de passagem nas mãos, apresentei-o ao motorista, ele muito cordialmente desejou-me boa viagem, esbocei um sorriso e desejei também a ele, afinal, seria uma boa viagem se ele dirigisse bem.
Comecei a subir as escadas do ônibus e ao olhar para os primeiros bancos vi uma senhora, com os olhos brilhando, e não era o reflexo de seus óculos, mas era seu olhar dizendo-me: anda moço, entre rápido, para que o ônibus possa partir! Li logo o que me diziam os olhares da vovó...entrei no corredor, procurei meu lugar, que por sorte não estava ocupado por alguém que havia confundido o número da plataforma que embarcou com o da poltrona que iria sentar.
Tirei a mochila das costas, sentei-me, fones de ouvido: trilha sonora pras longas três horas e meia de viagem que começava a enfrentar. Após um cochilo, uma conversa com o companheiro ao lado, chegamos no posto, praticamente todos desceram, exceto a vovó, que aguardou ansiosa em seu lugar.
Após um lanche rápido, todos voltamos para o ônibus que seguiu sua rota. Enfim, cheguei ao meu destino, saindo de um breve cochilo, que fora interrompido pelas gargalhadas da poltrona vizinha, vi ao longe o ônibus se aproximar de Campinas, as luzes da cidade pareciam estrelas, mas vim a descobrir que para a vovó pareciam setas que indicavam o motivo de sua ansiedade.
Enfim na rodoviária, o ônibus parou, coloquei a mochila nas costas, dirigi-me para a saída ao passo que vi a vovó na janela acenar para um senhorzinho de sorriso simpático, óculos, e boina. Como ela estava na janela dependia da pessoa que estava no corredor dar lugar para ela passar... pois bem, notei o aceno, desci na frente, andei um pouco e parei para observar a cena, talvez rara nos dias de hoje.
Desceu um rapaz, depois uma moça, e a vovó logo atrás ajudada pela mulher que estivera ao seu lado durante toda a viagem. No entanto, a mulher nem desceu do ônibus, quando a vovó chegou no ultimo degrau da escadinha o vovô já estendeu os braços, e a recepcionou.
Minha mente já pensava: que bonito, será que vai rolar um beijo de boas vindas? E não é que teve mesmo, que cena maravilhosa. Um ‘selinho’ selou o fim da saudade de uma vovó e de um vovô. Juntos, abraçados, um apoiado no outro, saíram da plataforma... contemplei por um instante a cena...lembrei-me que precisava comprar passagens, pegar o circular para casa, já estava atrasado!
Continuei a andar, seguir meu destino, mas aprendi nessa viagem: não importa o quanto o tempo passe, o amor sempre permanece, há uma música chamada “Amor nunca morre” do padre Zezinho e diz o seguinte: “amor que é amor nunca morre, mas pode também suceder, que falta de quem o cultive ele viva pequeno e não chegue a crescer.”
Ame as pessoas, cultive amor, para que ele nunca morra e assim possa estar sempre crescendo e envolvendo sua vida. Que o verdadeiro amor possa aquecer os nossos corações nesse tempo de frio, afinal nas palavras do poeta Luis Vaz de Camões: “amor é fogo que arde sem se ver”. Amemos e nos deixemos amar. Nos simples gestos cultivamos o amor. Você já o cultivou hoje?

Nenhum comentário:

Postar um comentário