quinta-feira, 30 de junho de 2011

As pipas e os pássaros

O sol já se punha. Pela janela do ônibus eu via o passaredo a dar seu show nos céus. Pássaros sempre foram animais que admirei, sempre os vi a voar tão livres. A liberdade chama minha atenção. Ainda há poucos dias eu estava pensando nessa liberdade que os pássaros possuem e cheguei à conclusão que pagam caro por ela.
Às vezes ao contemplá-los exclamava: “como eu queria ser um pássaro!” Olhando para eles, pensava comigo: mas são animais que ficam muito expostos aos perigos da chuva e do frio. Nisso se assemelham conosco, é bem verdade que não podemos voar, mas somos livres para caminharmos por onde quisermos, mas esse caminho nos expõe a riscos que somente se confiarmos em nossos passos, poderemos seguir em frente.
O ônibus seguia sua rota, as paisagens passavam como quadros pintados por um artista mais do que profissional, em meio a tanta natureza, eis que um dedo de humanidade surgiu nos céus. Fixei meus olhos e notei que eram várias pipas (brinquedos que voam fitos de varetas de bambu e papel de ceda, amarrados por uma linha).
As pipas são “pássaros humanos” que possuem sua liberdade no carretel de linha da pessoa que o manipula. Quanto mais linha a pessoa solta, mais longe e mais alto vai a pipa. Pássaros, pipas, homens, mulheres... temos uma liberdade de pássaros ou de pipas?
Penso que as pipas são o desejo e anseio dos homens de voar e serem livres, exteriorizado numa folha de ceda, unida a varetas de bambu e amarrados por uma linha, essa é a pipa, que voa onde os homens querem. Um simples detalhe faz toda diferença. Quando vem a chuva e o frio muito forte é muito difícil ou quase nunca vemos as pipas nos céus, o que nos faz pensar que elas não enfrentam dificuldades como os pássaros.
Talvez seja por isso que os pássaros cantam tão bonito, é um canto de vitória pelos obstáculos superados na noite, momento em que os predadores mais atacam, obstáculos superados na chuva, quando precisam se esconder. Talvez seja por isso que em todas as manhãs e depois de uma tempestade, ouvimos os cantos e vemos a alegria dos pássaros, como se dissessem: mais um dia passou, mais uma dificuldade foi enfrentada. “Sentimento esse que pipa nenhuma possui. Às vezes penso que nascemos para ser como os pássaros, mas vivemos e insistimos em viver como pipas.

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