domingo, 7 de abril de 2013

Sonho de Padaria


Existem alguns alimentos que tem o fantástico poder nostálgico de nos fazer, ainda que por um instante pequeno e único, voltarmos à nossa criancice; algumas comidas e bebidas trazem consigo certo gosto de infância. Sabe um daqueles dias que você acorda com uma vontade enorme de comer um doce? Foi assim que acordei hoje.

Enquanto ainda tomava o café da manhã, pensava o que poderia ser minha sobremesa no almoço... eu sei, pode parecer guloso demais, no entanto, quando se acorda com uma ideia na cabeça ela nos persegue o dia todo até concretizá-la... e como que num “insite” me veio à mente a palavra sonho! Imediatamente passei a imaginar aquele pão com recheio de creme, com açúcar por cima, huuuuuum! Era esse doce! Essa era minha sobremesa!


Fui para os afazeres do dia-dia, arrumei, claro, um tempo para ir até a padaria, ao chegar lá parei por um instante diante da estufa onde se encontravam os doces e tal qual criança olhava para o sonho, por um momento, muito de relance, pude me imaginar pequeno, quando ainda dependia de alguém para alcançar o sonho que seria meu, voltando desse pensamento dei por conta que agora eu mesmo era quem iria pedir meu sonho.

Escolhi o mais recheado, pedi, segurei-o com as mãos, ainda dentro de uma caixa de isopor esperava pelo magnífico momento que chegaria em casa e como criança me deliciaria com aquele doce. Paguei, e pela rua olhava pra caixa e, ansioso, esperava para abri-la, até parece que ouvia a voz da minha mãe que me dizia quando criança: “espere até chegar em casa!”

Agora em casa, sentei-me no sofá, segurava meu sonho com as duas mãos, ainda na caixinha, parece que já podia sentir o gosto do creme a deslizar pela garganta, já podia sentir o bigode feito pelo açúcar polvilhado por cima... eis então que abri a caixa e para minha surpresa: o recheio não era de creme, era doce de leite. Não acredito! Deixei escapar... não era o que eu queria, não era o sonho que eu vislumbrara... perdi até a vontade de comer doce, contentei-me com um sorvete de chocolate.
As horas passaram, a vida seguiu e para minha surpresa quem encontrei esses dias no circular? Ela, a moça que me vendeu o sonho... pode parecer tão insignificante o que venho descrevendo até aqui, mas quando a vi era como se algumas coisas se encaixassem, ao bater meus olhos naquela moça simpática que subia os degraus do coletivo, me veio à mente uma frase: olha aí a moça que me vendeu o sonho errado... a moça que me vendeu o sonho errado... sonho errado...

Era isso, “sonho errado” puxa! Tão insignificante o fato, é verdade, mas talvez quando criança não teria a capacidade de raciocinar assim... e a partir de um simples, e talvez insignificante fato, pudesse aprender tanto, aprender que na vida há pessoas que nos vendem sonhos errados, por mais que possam parecer o certo; as vezes levamos com tanta esperança em nossas mãos caixas de sonhos, mas nos decepcionamos ao ver que o sonho que nos ofereceram não era aquele com o qual acordamos com o desejo de atingir. 

Um comentário:

  1. Muito bom, Robson!!
    Entre tantos sonhos que temos guardados nos nossos corações, criamos sempre uma dependência de alguem, isso nos mostra o quanto precisamos das pessoas para ser feliz!
    O importante é não perder as esperanças!

    Que você realize todos seus sonhos!
    Coragem!

    Abraço

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