Existem alguns alimentos que tem o fantástico poder
nostálgico de nos fazer, ainda que por um instante pequeno e único, voltarmos à
nossa criancice; algumas comidas e bebidas trazem consigo certo gosto de
infância. Sabe um daqueles dias que você acorda com uma vontade enorme de comer
um doce? Foi assim que acordei hoje.
Enquanto ainda tomava o café da manhã, pensava o que poderia
ser minha sobremesa no almoço... eu sei, pode parecer guloso demais, no
entanto, quando se acorda com uma ideia na cabeça ela nos persegue o dia todo
até concretizá-la... e como que num “insite” me veio à mente a palavra sonho!
Imediatamente passei a imaginar aquele pão com recheio de creme, com açúcar por
cima, huuuuuum! Era esse doce! Essa era minha sobremesa!
Fui para os afazeres do dia-dia, arrumei, claro, um tempo
para ir até a padaria, ao chegar lá parei por um instante diante da estufa onde
se encontravam os doces e tal qual criança olhava para o sonho, por um momento,
muito de relance, pude me imaginar pequeno, quando ainda dependia de alguém
para alcançar o sonho que seria meu, voltando desse pensamento dei por conta
que agora eu mesmo era quem iria pedir meu sonho.
Escolhi o mais recheado, pedi, segurei-o com as mãos, ainda
dentro de uma caixa de isopor esperava pelo magnífico momento que chegaria em
casa e como criança me deliciaria com aquele doce. Paguei, e pela rua olhava
pra caixa e, ansioso, esperava para abri-la, até parece que ouvia a voz da
minha mãe que me dizia quando criança: “espere até chegar em casa!”
Agora em casa, sentei-me no sofá, segurava meu sonho com as
duas mãos, ainda na caixinha, parece que já podia sentir o gosto do creme a
deslizar pela garganta, já podia sentir o bigode feito pelo açúcar polvilhado
por cima... eis então que abri a caixa e para minha surpresa: o recheio não era
de creme, era doce de leite. Não acredito! Deixei escapar... não era o que eu
queria, não era o sonho que eu vislumbrara... perdi até a vontade de comer
doce, contentei-me com um sorvete de chocolate.
As horas passaram, a vida seguiu e para minha surpresa quem
encontrei esses dias no circular? Ela, a moça que me vendeu o sonho... pode
parecer tão insignificante o que venho descrevendo até aqui, mas quando a vi
era como se algumas coisas se encaixassem, ao bater meus olhos naquela moça
simpática que subia os degraus do coletivo, me veio à mente uma frase: olha aí
a moça que me vendeu o sonho errado... a moça que me vendeu o sonho errado...
sonho errado...
Era isso, “sonho errado” puxa! Tão insignificante o fato, é
verdade, mas talvez quando criança não teria a capacidade de raciocinar
assim... e a partir de um simples, e talvez insignificante fato, pudesse
aprender tanto, aprender que na vida há pessoas que nos vendem sonhos errados,
por mais que possam parecer o certo; as vezes levamos com tanta esperança em
nossas mãos caixas de sonhos, mas nos decepcionamos ao ver que o sonho que nos
ofereceram não era aquele com o qual acordamos com o desejo de atingir.
Muito bom, Robson!!
ResponderExcluirEntre tantos sonhos que temos guardados nos nossos corações, criamos sempre uma dependência de alguem, isso nos mostra o quanto precisamos das pessoas para ser feliz!
O importante é não perder as esperanças!
Que você realize todos seus sonhos!
Coragem!
Abraço