segunda-feira, 26 de março de 2012

A sala 15


      As luzes fortes... as cores claras que pintavam as paredes... uma moça vestida de branco... e logo mais a frente um homem com os mesmos trajes: jaleco, calça, camisa e sapatos brancos. Isso me fazia crer que eu entrava em um hospital... que alívio! A dor seria sanada, o sofrimento resolvido: estava em boas mãos.

      Acompanhado por dois amigos – amigos verdadeiros sempre estão por perto nos momentos em que mais precisamos, feliz aquele que vê no amigo um anjo – sentei-me num sofá feito de cimento, já havia pessoas a esperar. Sempre pensamos que nossa dor é única, mas nesses momentos nos damos conta de que no mundo não somos os únicos a sofrer; é do homem se sentir único, mas é dele também a graça de se reconhecer em meio a tantos outros homens e mulheres que vivem na mesma condição. Saber que não estamos sozinhos ajuda-nos a sermos únicos na vida de alguém, assim, como sempre, alguém se torna único para nós.
      Olhares trocados... mão no local da dor... ansiedade: eu aguardava minha vez. Olhava fixamente para a porta da sala quinze daquele hospital. Quando estamos diante de uma situação difícil não nos resta outra escolha senão sabermos esperar e prendermos nosso olhar num ponto fixo que nos encoraja e nos faz crer que há solução... outra tentativa será frustrante.
Imagem do site Baixioceara
      A minha volta mais ninguém. Eu era o último da espera. A porta abriu, saiu o último paciente e eis que chegara minha vez. Ao entrar na sala logo notei que o médico trazia na face uma alegria... de olhar sereno, típico de quem já aprendeu muito com a vida, ele apertou minha mão, perguntou pelo meu nome e disse: o que sente? Após um breve relato dos sintomas prescreveu a receita e nas minhas mãos entregou o medicamento adequado. 
      Muitas vezes na vida nos decepcionamos, nos iludimos, nos machucamos pelo simples fato de não sabermos nos relacionar bem com as pessoas que dividimos nossa história (namorada (o), esposa, marido, pais e filhos). No entanto, é bem verdade que temos certo problema em nos mostrarmos às pessoas, às vezes omitimos a verdade para que a outra pessoa não se machuque e com isso nos ferimos.
imagem do blog: Palácio Rio Negro
      Dizer a verdade não é uma bomba, depende da forma como você a diz. Uma verdade dita na hora certa nos faz crescer, bem como contribui para o amadurecimento de nossos relacionamentos e da pessoa com quem nos relacionamos. Para iluminar esse problema olho para a pergunta do médico: o que sente? Talvez muitos amigos, pessoas que amamos, já nos fizeram essa pergunta e nós? Nós omitimos a resposta. Mas se eu não dissesse ao doutor meus sentimentos na certa ele me daria medicamento errado. Curamos nossas dores causadas por maus relacionamentos à medida que não temos medo de mostrar quem somos... o que sentimos.
      Com o passar do tempo, dizia William Shakespeare, “aprendi que quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem”.

2 comentários:

  1. Linda história Robinho! Isso nos leva a crer mais uma vez que: "Sem amigos, não saberíamos sobreviver". Blog Show de Bola! Beijos Robinho. Coragem sempre!

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