Certa vez me ocorreu um fato no qual pude aprender bastante,
embora essa história tenha se passado já há algum tempo. Penso que existem
momentos na vida que são capazes de marcar nossa história e ficam registrados
em nossa mente não para que vivamos em um saudosismo, mas para termos a coragem
de viver novas aventuras, para vivenciarmos mais momentos marcantes.
Era um sábado qualquer, desses que a noite a gente sai pra
comer um lanche, uma pizza, tomar um ‘refri’ e eu caminhava para um encontro de
grupo de jovens... lembro-me que chovia muito... cheguei no lugar em que o
encontro iria acontecer e ao entrar vi um homem sentado, rosto abatido, olhar
de quem procura ser valorizado... logo me apresentaram o tal sujeito. Disseram-me:
- este homem está pedindo algo pra comer, pedi que ficasse até o final de nosso
grupo, depois vemos o que podemos fazer. Pensei: bem, com essa chuva o negócio
é esperar o grupo acabar mesmo... antes que eu terminasse meu raciocínio o tal
homem me estendeu a mão, e disse: “boa noite senhor, por favor me ajude... andei,
hoje, o dia todo, mas ninguém ao menos me deu um prato de comida... minha mãe
está doente, e preciso levar algo pra que ela possa comer... sou portador de
HIV e por conta disso ninguém me ajuda, muitos nem falam comigo, pensam que
posso transmitir algo para eles.” Dei-lhe uma resposta curta, e saí pensando em
sua história... dirigi-me à capela - existem momentos em que somente através da
oração podemos entender algumas situações.
Após rezar um pouco, voltei, sentei-me ao lado do homem
desconhecido, perguntei por sua história, por seu passado, por sua família, e
ele? Contou-me tudo... a cada palavra proferida pelo tal sujeito via o quão
sofrida era sua história... contou-me mais de uma vez que em certa ocasião ele
estava pedindo comida e bateu numa casa onde as crianças brincavam felizes,
quando o pai viu e ouviu a história de quem pedia comida no portão ordenou às
crianças que entrasse às pressas e disse que não ia ajudar ninguém.
Talvez você, estimado (a) leitor (a), esteja se perguntando:
qual era o nome desse rapaz? Pois bem, eu estava compadecido pela história dele,
mas dei por conta que nem sequer havia me apresentado e nem tampouco havia
perguntado pelo seu nome... as vezes os nomes revelam o porquê das pessoas
entrarem em nossa vida... o nome é a importância; é pelo nome que nossa mãe,
nossos amigos, familiares nos reconhecem..é pelo nome que Deus nos chama a
sermos presentes uns para os outros...enfim... fiz a ele a tal pergunta.
Estendi minha mão direita, ele também assim o fez e num gesto de cumprimento
disse meu nome e perguntei pelo seu... e quão grande surpresa quando ele
respondeu: meu nome? Meu nome é Natal.
Natal... já ouviu essa palavra? O que o (a) faz lembrar?...
Presentes, abraço, festa, final de ano? Sim, recordo-me também dessas coisas, mas
o verdadeiro sentido desse nome, sabe qual é? Natal ao nascimento de alguém... para
os cristãos ao nascimento de Cristo... por isso, quando o senhor Natal disse
seu nome, meus pensamentos foram longe e pensei o que agora escrevo.
Em minha mente vinha uma passagem bíblica... aquela de
Mateus 25, 35ss:
“...pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me (...) todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”
Foi a mim que o fizeste. Fiquei a pensar o quanto o senhor
Natal poderia ser o mesmo Rei da passagem de Mateus 25, poderia ser o próprio
Cristo... e quantos perderam a oportunidade de ajudar o Cristo que passa, o Rei
que mesmo sendo pobre em questão de materialidade é cheio de riquezas
espirituais... e olhando para nossa vida, a minha vida? Quantas vezes perdi a
oportunidade de ser grande fazendo aquilo que era tão simples e pequeno, como o
gesto de ajudar alguém?
infelismente,acho que todos nós já deixou cristo passar,pelo menos uma vez em nossas vidas!
ResponderExcluiressa estória é muito linda .