Mortos, todos mortos! Uma moto, um tiro, um homem ao chão!
Um homem? Um ho-mem!? Em meio a tanta
violência nem me parece que o que vemos noticiar é sobre homens e mulheres.
Mortos, todos mortos! Vemos a mídia dizer que bandidos passaram com motocicleta
e assassinaram cinco, seis, inúmeras pessoas.... ou ainda: bandidos ateiam fogo
em ônibus...
Bandidos! Bandidos! Todos bandidos! Afinal, quem são?
Adolescentes, jovens, idosos; bandido, talvez, seja eu, você, o governo e os
policiais... drogados e viciados são seus codinomes... chamam-lhe bandido,
moleque, marginal, arruaceiro...
Imagem do Correio do Brasil |
Ilusão, falsa ilusão! Quem matou? Que atirou? O sistema! O
sistema corrupto de nosso país que tem seus laranjas e são eles que têm seus
rostos estampados nas primeiras páginas dos jornais, são assassinos, monstros,
bandidos... será? Talvez exista algo anterior ao dedo que puxa o gatilho.
Antes da carreira de pó, antes do nariz, há um cérebro, uma
cabeça que pensa, e que pensa a partir do que aprendeu a pensar.
Conscientização gera crítica... numa sociedade de educação pragmática e com
fins lucrativos o que se gera não são seres conscientes e autônomos, mas sim
objetos, objetos de um sistema que fará o serviço sujo e ocupará as primeiras
páginas dos jornais nacionais, bandidos!
Há quem diga, poxa e os policiais? E os policiais...? Desses,
tenho pena e dó... homens e mulheres que dão sua vida pela defesa da sociedade
e são os primeiros a serem atacados pelos objetos da corrupção. E aí vemos o secretário
de segurança falar bonito, o governador prestar condolência às famílias... mas
eu queria mesmo ver o soldo desses homens aumentarem para que recebam de acordo
com o risco que correm. Isso, utopicamente, talvez diminuísse a corrupção,
talvez evitaria muitas mortes entre os membros da corporação. Mas, pra um sistema
corrupto talvez seja mais fácil prestar condolências e fazer homenagens e no
fim do ano abrir várias vagas pra concurso do que valorizar cada membro a
partir de suas potencialidades.
Violência gera violência. Se pra cada ônibus queimado
teremos sete moradores de rua e viciados mortos e se para cada ser-objeto assassinado
teremos dois policiais mortos, então a guerra não terá fim. Talvez não vivamos
em um mundo justo e de paz, no entanto, é nosso dever, como cidadão, tornar o
nosso meio um lugar no qual os relacionamentos sejam saudáveis e conduza seus
indivíduos à uma construção autônoma de sua história, libertos das garras dos
sistemas corruptos que acabam por atar as mãos e gerar objetos, ao invés de
pessoas críticas e conscientes de seu estado humano.
Um rio de lágrimas corta nosso país e suas águas tem irrigado
a desesperança, fazendo com que o conformismo se torne um fruto vistoso. Diante
disso perguntamos: até quando, até quando, a-t-é q-u-a-n-d-o.....?
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