terça-feira, 13 de novembro de 2012

Palavras Jogadas


Mortos, todos mortos! Uma moto, um tiro, um homem ao chão! Um homem? Um  ho-mem!? Em meio a tanta violência nem me parece que o que vemos noticiar é sobre homens e mulheres. Mortos, todos mortos! Vemos a mídia dizer que bandidos passaram com motocicleta e assassinaram cinco, seis, inúmeras pessoas.... ou ainda: bandidos ateiam fogo em ônibus...

      Bandidos! Bandidos! Todos bandidos! Afinal, quem são? Adolescentes, jovens, idosos; bandido, talvez, seja eu, você, o governo e os policiais... drogados e viciados são seus codinomes... chamam-lhe bandido, moleque, marginal, arruaceiro...
Imagem do Correio do Brasil
   Drogados! Viciados! Bandidos! Mortos, todos mortos! Não vemos falar de João, Maria, José... mas de bandidos... se hoje bandido se fizeram foi porque a sociedade não lhes ofereceu oportunidades, na favela em meio a corrupção e milícia, aprenderam que ser herói é ser bandido, numa sociedade que busca os valores efêmeros, a droga se tornou meio de superar seus limites e dificuldades. Ilusão, falsa ilusão!
    Ilusão, falsa ilusão! Quem matou? Que atirou? O sistema! O sistema corrupto de nosso país que tem seus laranjas e são eles que têm seus rostos estampados nas primeiras páginas dos jornais, são assassinos, monstros, bandidos... será? Talvez exista algo anterior ao dedo que puxa o gatilho.
   Antes da carreira de pó, antes do nariz, há um cérebro, uma cabeça que pensa, e que pensa a partir do que aprendeu a pensar. Conscientização gera crítica... numa sociedade de educação pragmática e com fins lucrativos o que se gera não são seres conscientes e autônomos, mas sim objetos, objetos de um sistema que fará o serviço sujo e ocupará as primeiras páginas dos jornais nacionais, bandidos!
  Há quem diga, poxa e os policiais? E os policiais...? Desses, tenho pena e dó... homens e mulheres que dão sua vida pela defesa da sociedade e são os primeiros a serem atacados pelos objetos da corrupção. E aí vemos o secretário de segurança falar bonito, o governador prestar condolência às famílias... mas eu queria mesmo ver o soldo desses homens aumentarem para que recebam de acordo com o risco que correm. Isso, utopicamente, talvez diminuísse a corrupção, talvez evitaria muitas mortes entre os membros da corporação. Mas, pra um sistema corrupto talvez seja mais fácil prestar condolências e fazer homenagens e no fim do ano abrir várias vagas pra concurso do que valorizar cada membro a partir de suas potencialidades.
  Violência gera violência. Se pra cada ônibus queimado teremos sete moradores de rua e viciados mortos e se para cada ser-objeto assassinado teremos dois policiais mortos, então a guerra não terá fim. Talvez não vivamos em um mundo justo e de paz, no entanto, é nosso dever, como cidadão, tornar o nosso meio um lugar no qual os relacionamentos sejam saudáveis e conduza seus indivíduos à uma construção autônoma de sua história, libertos das garras dos sistemas corruptos que acabam por atar as mãos e gerar objetos, ao invés de pessoas críticas e conscientes de seu estado humano.
  Um rio de lágrimas corta nosso país e suas águas tem irrigado a desesperança, fazendo com que o conformismo se torne um fruto vistoso. Diante disso perguntamos: até quando, até quando, a-t-é q-u-a-n-d-o.....?

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