quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Deixa as migalhas caírem

Zona Leste paulistana, porém, casa simples como da fazenda, não só na estrutura como também nas guloseimas, café passado na hora, bolo, pão feito em casa, coisas feitas com carinho no campo, na mesa de uma senhora paulista, apesar de estar numa das cidades mais movimentadas, a dona daquela casa teve um tempo para nos contar sua história.
   E quanta sabedoria, entre uma conversa e outra, uma xícara de café, um pedaço de pão, enquanto a ouvia falar eu me lembrava das vezes que minha avó contava suas histórias e eu sentado no chão com meus primos a ouvia, coisas da infância que não voltam. Bem, como eu estava a comer, era inevitável que algumas migalhas caíssem sobre mim e sobre a mesa, passei a me preocupar com elas e as pegava uma a uma, de repente ouvi a senhora interromper a história e dizer: “Menino! Deixa as migalhas caírem!
   Deixa as migalhas caírem.  Não sei por quê, mas aquela frase ficou gravada em mim, aprendi muito com aquela senhora, não apenas com sua história, mas, também, por ter me chamado atenção em relação as migalhas, porque muitas vezes na vida nos preocupamos  com as migalhas e esquecemos que em mãos temos uma pão quase que inteiro a esperar por uma mordida. Ou até mesmo nos preocupamos com o que é inevitável, isto é, as migalhas caírem, focamos nossa atenção e nos desgastamos com o supérfluo e não com o que é essencial. Na vida é difícil que as migalhas não caiam, e mais difícil ainda é não perdermos tempo, atenção e energia com as migalhas e assim, desfocamos nossa vida do que é principal. Por isso, deixemos as migalhas caírem, no final, cataremos tudo e deixaremos tudo arrumado, foquemos no pão, no essencial, no principal e saboreemos cada mordida, cada momento, cada instante da vida. Afinal, as migalhas sempre cairão.

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