terça-feira, 31 de maio de 2011

O sentido da vida

Muitas vezes, por conta do corre-corre da vida, vamos esvaziando o sentido dos momentos que passam pela nossa história. Momentos alegres, tristes, e por estarmos cegos nem se quer aprendemos com nossas experiências.
Tudo passa muito rápido, o tempo voa e leva consigo pessoas amadas ou não, amiga ou não, nas palavras da poetiza Cecília Meireles: “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.” Assim também acontece com os momentos de nossa vida.
Certa vez eu estava muito desanimado e pessimista, decidi sair com alguns amigos, fomos para o Shopping, estávamos ali na praça de alimentação quando por um instante me vi sozinho. Comecei a observar as pessoas e olhando-as pensava: “o que é nossa vida? Vivemos para morrer?... amizades, amores, tudo se reduz a pó no término de nossa vida? Olhava os jovens e me perguntava: todos muito alegres, com seus amigos (as), namorados (as), abraçavam, beijavam... até parece que não iriam envelhecer... e quando a velhice chegar? Eles estarão numa casa esperando a morte e outros jovens estarão a curtir a vida e nem se quer irão se lembrar deles.... perguntava pra mim mesmo: o que será desses jovens amanhã? Como serão as crianças? Eu? E você que me lê? O que seremos no amanhã?
Após esse momento comecei a buscar respostas e percebi que as pessoas vão ao shopping sempre acompanhadas, vão ali para estreitar os laços de amizade, vão ali para que momentos alegres ou tristes se eternizem em suas vidas.
Eureka! A vida seria mesquinha demais se fosse feita apenas de momentos e esses momentos não trouxessem para nossa vivência um sentido. Voltei para casa, mas pensando tudo isso: como valorizar os momentos da vida? Como encontrar esperanças? Refazer as forças?
Dúvidas no coração e na mente... ainda pouco antes de dormir conversava com uma amiga sobre o que estava pensando e ela deu-me um conselho que não esquecerei tão fácil...ao dizer para ela das minhas angústias e minha falta de esperança, ela me disse: “converse com crianças...elas sempre enxergam tudo tão lindo”.
Ao ouvir isso um sorriso se abriu, era uma alegria que vinha do coração, fiquei sem palavras, por um instante nostálgico (um momento de saudade) pude viajar e visualizar o sorriso que brota da pureza de uma criança... como se eu tivesse encontrado o elixir da longa vida (como se tivesse encontrado uma composição química que fosse prolongar toda minha vida, deixando-me imortal), e talvez o tenha, terminei a conversa e fui me deitar; ao encostar a cabeça no travesseiro me lembrei das palavras de Jesus: “deixai as criancinhas virem a mim e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus”... “aquele que não receber o reino de Deus como uma criancinha, não entrará nele” (Lucas 18, 16-17).
E já quase no fechar dos olhos uma frase ressoava no coração: “converse com as crianças... elas enxergam tudo tão lindo... converse com as cri-an-ças... elas enxergam tu-do tão lin-do...”

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O menino e o cubo

Domingo, finalzinho de tarde, o sol já se escondia, todos voltavam da casa da mãe para as suas casas e eu em mais uma viagem. Algo interessante me chamou a atenção, quando o ônibus parou em uma cidadezinha do interior de São Paulo, entrou uma família muito jovem, como todo bom jovem, tinham no rosto o desejo pela aventura, mas também as marcas de uma vida vivida com alegria, porém em meio às dores, como que se as marcas dissessem: - Aprendemos com o tempo!
O menino, de uns 8 anos entrou na frente, todo entusiasmado, depois dele a mãe e por último o pai, como se estivesse guardando toda a família. O menino nem precisou ler no bilhete qual era a poltrona de seus pais, já foi logo sentando na janela. Porém, ali não era seu lugar, era o lugar de seu pai, que o repreendeu duramente por estar ocupando um lugar que não era dele. Logo, o pai mandou que o menino sentasse na poltrona correspondente ao que haviam comprado para ele. 
Mas qual não foi a surpresa do menino, o seu lugar não era na janela, e pra falar a verdade quem de nós não gosta de viajar na janela, principalmente quando criança, temos a impressão que somos nós quem estamos a dirigir o ônibus, nos sentimos o máximo.
Pois bem, mas mesmo assim, o menino sentou na poltrona ao lado da janela, entrou então uma mocinha, a dona do lugar onde o menino ocupara, com uma face entristecida, com os olhinhos quase a lacrimejar foi para o seu lugar; a mocinha então disse: - pode sentar na janelinha!
O menino todo feliz voltou e ficou quietinho, vi, então que seu pai tirou de uma das malas um cubo mágico e entregou ao menino. Meus olhos já cansados de sono se fecharam e adormeci.
Estava n meu cochilo e de repente, de sobressalto, acordei com a seguinte exclamação: - Paaaaai! Ao abrir os olhos, eles se voltaram para a pessoa do menino que com um sorriso e com o braço estendido na direção do pai mostrava a proeza que conseguira realizar: deixar um lado do cubo com as cores iguais.
É bem verdade que o menino teria distração para a viagem toda, afinal, ainda tinha muito trabalho pela frente; até conseguir deixar o cubo mágico montadinho iria levar um pouquinho de tempo. Mas o interessante é que ele se alegrou por ter acertado ao menos um lado do cubo. O pai, como resposta à alegria do filho, fixou seu olhar no olhar do menino, sorriu e lhe disse: - Na vida esforce-se sempre para que os maus momentos ou a desordem não sejam um motivo para que você desista. É importante lutar sempre por aquilo que acredita.
      O ônibus chegou ao seu destino, a mãe à frente seguida do menino e depois o pai. Ao continuar observando a família, mas agora fora do ônibus, pegando as malas que estavam no bagageiro, percebi que o menino olhava para mim, quando nossos olhares se cruzaram fiz um sinal de jóia, ele correspondeu, o ônibus partiu e para mim ficou a mensagem: Siga seu caminho, lutando pelos seus sonhos e sendo paciente nos momentos em que tudo parecer estar confuso.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Quando vi era Jesus

Ainda estamos ruminando essa boa nova: Jesus está vivo em nosso meio. Vemo-nos diante de uma passagem belíssima, a passagem de Emaús. Três coisas chamam a nossa atenção neste Evangelho:
1º - A tristeza dos discípulos;
2º - A presença de Jesus;
3º - A alegria de anunciar o Ressuscitado.
A TRISTEZA DOS DISCÍPULOS
Relembremos um pouco a história e vamos ver que os discípulos estão caminhando e então lhes aparece Jesus. E eles estavam conversando, certamente comentavam sobre o acontecimento da cruz e morte do Senhor. Mas, diz o texto que quando Jesus apareceu os discípulos não o reconheceram (Cf. Lc 24,16).
Qual será o motivo pelo qual os dois peregrinos não conseguiram descobrir que era Jesus? Certamente ambos estavam desiludidos com o que acontecera, ou seja, estavam ainda chorando a morte do Senhor. Eles esperavam um Jesus libertador, que pudesse derrubar, usando da força, os poderosos; esperavam de Jesus um guerreiro. Mas com a sua morte de cruz viram que o “guerreiro” havia perdido a batalha, era como um derrotado. E eles estavam tristes por isso, porque haviam apostado tudo em Jesus, mas agora não conseguiam compreender porque Ele havia morrido.
A tristeza dos discípulos são também as nossas tristezas, quantos de nós já não conseguimos enxergar o Senhor. Porque nossos olhos estão voltados para as mortes de nossa vida. A estrada de Emaús é também a nossa estrada, é a nossa vida. E os discípulos somos nós, sou eu e você que caminhamos. E o que falamos pelo caminho? Falamos das maravilhas de Deus em nossa vida ou fazemos fofocas, intrigas, choramingamos e reclamamos dos nossos problemas?
Se hoje Jesus nos aparecesse e perguntasse sobre o que estamos conversando, o que diríamos? Talvez tivéssemos a mesma resposta inocente dos discípulos de Emaús: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”.
A PRESENÇA DE JESUS
O mais bonito nesta passagem é que Jesus não se impõe, ou seja, ele se aproxima dos discípulos, conversa com eles e como se fosse um deles vai recordando todas as passagens que falavam sobre sua vinda, sua morte e sua ressurreição.
Conforme Jesus vai falando algo diferente começa a acontecer no coração daqueles homens. Pois as palavras de Jesus são palavras de esperança, palavras que fazem com que os discípulos possam voltar a acreditar que o Messias, o Cristo, está vivo, ressuscitado.
Fato curioso acontece quando os discípulos chegam ao seu destino e então Jesus faz como quem ia mais adiante, mas os discípulos por perceberem que havia algo de diferente naquele homem pedem: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus aceita o convite, entra na casa, abençoa o pão e o reparte com os que se encontravam na casa. E depois desaparece.
Ainda hoje essa cena se repete. Na Missa, fazemos essa caminhada de Emaús, e podemos, também, sentir arder o nosso coração tendo a certeza de que Jesus está em nosso meio. Afinal, na missa Ele nos fala pelos profetas, que são as leituras que ouvimos; depois de ouvir, fazer esse exercício de aprender do Senhor, através de sua Palavra Revelada, nós queremos mais, por querer mais nós também clamamos: fica conosco, Senhor!
Ao ouvirmos a sua palavra vamos criando em nosso coração uma certeza: a certeza de que Deus é um Deus conosco, e assim como não abandonou o povo de Israel no Primeiro Testamento, tanto mais não nos abandonará agora, em nossos momentos de desilusão.
E prova disso, de que ele continuará nos amando e nos dando forças, é a Eucaristia, o pão, o Cristo vivo e ressuscitado em nosso meio. Quando estamos diante da Eucaristia nossos olhos se abrem e conseguimos reconhecer Jesus em nossa vida. Porém nossos olhos só irão se abrir quando deixarmos Jesus ficar conosco. Veja, os discípulos foram ousados, e pediram fica conosco. O que ainda nos impede de deixar Jesus agir em nossa vida?
A ALEGRIA DE ANUNCIAR O RESSUSCITADO
Assim que Jesus partiu o pão os discípulos se tornaram testemunhas de que Jesus estava ressuscitado. O interessante é que quando foram contar para os apóstolos o que tinha acontecido, eles disseram como tinham podido reconhecer Jesus no partir do pão.
Meus irmãos (ãs), no início desta reflexão eu comparei nossa pessoa com a pessoa dos discípulos de Emaús, mas, agora, encerro pedindo que possamos ser Jesus na vida das pessoas. Porém, só o seremos de fato quando o nosso coração se abrir a Ele e o deixarmos agir em nossa vida.
Existem muitos irmãos desanimados na caminhada. Se fazemos uma experiência com o Senhor na missa, através de sua Palavra e de seu corpo eucarístico, nós somos convidados a sermos pessoas de alegria e que levam a esperança. Não levamos fofoca, não levamos desilusão, mas levamos o amor, a esperança e a alegria que são frutos da ressurreição de Jesus.
Talvez você se pergunte, mas, como posso ser um Cristo na vida dos meus irmãos? Dando-lhes esperança, levando uma palavra amiga, mas sobretudo, repartindo o pão. O pão material e o pão espiritual, isso não um assistencialismo barato, mas é dar o pão, repartir o que se tem, não só pão, mas dar oportunidade para que as pessoas se sintam valorizadas e assim, teremos um mundo mais justo e fraterno onde veremos que verdadeiramente Cristo está vivo e presente em nosso meio.