sexta-feira, 29 de julho de 2011

O menino e os pães

Por muitas vezes me pego pensando: poxa! o mundo poderia ser melhor se grandes coisas acontecessem! Ou ainda: é preciso acontecer algo grandioso para que alguma coisa mude... Na verdade sempre pensamos assim, as vezes é difícil para nós valorizarmos as pequenas coisas.
Olhemos para os prédios, são belos, não são? Em sua grande maioria ‘monstruosos’. Todos se admiram ao ver um arranha céu. Esses dias eu passava por uma cidade, e vi muitos edifícios, por um instante me veio à mente: por que nos admiramos com os prédios? Talvez seja pela sua altura, até porque nosso desejo nos faz admirar aquilo que almejamos: quem um dia não sonhou em ser um (a) grande profissional, um grande homem, uma grande mulher?
Ainda mais no mundo em que vivemos, todos queremos ser pessoas realizadas, felizes, e por inúmeras vezes relacionamos felicidade com grandeza, riqueza material e espiritual. Tudo isso contribui, não sei, penso ser arriscado relacionar felicidade com grandeza ou riqueza; mas brincaria com as palavras, uma vez que a gramática nos permite, dizendo que: felicidade é sinônimo de simplicidade, e riqueza sinônimo de pequeno.
Pode ter parecido estranho aos seus olhos, mas é a mais pura verdade. Pare e pense por um instante, verá que um baú de tesouro só tem importância quando há ali dentro muitas moedas ou objetos de ouro. Felicidade não poderia significar grandeza, senão o sorriso de alguém perderia todo o seu valor, bem como não nos traria felicidade. Assim como cada moeda constitui a riqueza do baú, cada gesto, embora seja o mais simples, constitui, constrói, a nossa felicidade.
Voltando para os prédios, fica difícil olhar para eles sem que antes, tijolo por tijolo, porta por porta, estivesse em seu devido lugar...ao olhar para os prédios da cidade em que o ônibus apressadamente passava, vinha-me na mente e no coração: “ta vendo aquele edifício moço...eu ajudei a levantar”. Essa música, Cidadão, composta por Lúcio Barbosa, faz-me pensar: por trás de toda grande obra há algo que nem sempre notamos, mas que sem o qual aquilo que é magnífico não poderia acontecer e/ou ser.
Na história houve muitas pessoas que souberam valorizar muito bem esses pequenos momentos ou as coisas simples da vida, para que ela se tornasse grande. Poderia pegar muitos outros exemplos, mas seleciono um, para comentar brevemente, esse alguém é a pessoa de Jesus de Nazaré. Dos inúmeros momentos importantes de sua vida, e que mostram essa sua valorização dos pequenos momentos, escolho para refletirmos o que está relatado no capítulo seis do evangelho de João, nos versículos de cinco a treze (João 6, 5-13).
Notamos lá que muitas pessoas estavam acompanhando Jesus, afinal ele era um grande líder, é bem verdade que nem todos que compunham essa multidão o seguiam para aprender com ele, alguns só o acompanhavam para obterem os milagres e para saciarem a sua fome, nada mais, outros, o seguiam porque queriam fazer de suas vidas algo maior. Era pequeno demais aquilo que viviam, estavam presos a uma realidade, em termos filosóficos, meramente imanente, não transcendiam, ou seja, estavam presos às leis, ao ritualismo, não conseguiam fazer nada por amor, e quase sempre faziam porque essa era a lei, mas nem sempre sentiam aquilo que faziam.
Enfim, a multidão estava lá, e Jesus, um homem pobre, simples, resolve dar de comer para toda aquela gente. Ao lermos a passagem, vemos o ‘desespero’ de Filipe quando Jesus pergunta de onde iriam tirar a comida e Filipe responde: “Duzentos denários de pão não seriam suficientes para que cada um recebesse um pedaço’(Jo 6, 5), André traz um menino e diz: “Há aqui um menino, que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas o que é isso para tantas pessoas?”... Mas o que é isso para tantas pessoas?...
André, Filipe, os demais discípulos, eu, você, temos dificuldade em transformar aquilo que é pequeno em grandioso. A verdadeira arte não consiste em fazer coisas grandiosas, mas sim em transformar coisas pequenas em grandes coisas. Paremos por um instante e reflitamos: como será que André encontrou esse menino? Teria André perguntado entre a multidão: quem aqui possui algo para comer? Ou ainda, será que o menino, mesmo sem ninguém dizer nada resolve partilhar tudo aquilo que possuia?
Muitas situações, poderíamos trazer a mente neste momento, mas note, poderíamos exaltar a questão da partilha, mas vendo por um outro ângulo, notamos que do normal é que se faz acontecer o extraordinário, aquele menino foi lá, levou seus cinco pães, dois peixinhos, e enquanto todos os outros adultos talvez até riam dele, e duvidavam que seu gesto poderia ajudar em alguma coisa, Jesus toma aqueles cinco pães e dois peixinhos e dá de comer àquela multidão, fazendo até sobrar doze cestos cheios com o que sobrara da partilha.
Talvez, respondendo a algumas questões levantadas nesse texto, vale saber que, é olhando para a simplicidade das coisas que enxergamos sua grandeza. É valorizando os pequenos momentos que conseguiremos ver a riqueza e a beleza das coisas. Os prédios só são prédios porque alguém os construiu, nossa vida só é bela porque nós a construímos.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Amigos para sempre

É bem verdade o provérbio que diz que há amigos mais queridos que um irmão, às vezes nem nos damos conta de como as pessoas são importantes em nossa vida, sobretudo, os amigos, pessoas que estão sempre ao nosso lado e as quais podemos mostrar quem verdadeiramente somos.
Diante de um amigo você chora, ri, aconselha, ouve, é aconselhado; por trás de toda amizade há um sentimento de cuidado, de amor. Pessoas não entram em nossa vida por acaso. E quando entram deixam suas marcas indeléveis. As amizades são construídas no decorrer de nossa história, quanto mais antiga melhor.
Lembro-me com saudade dos amigos que tenho em minha cidade natal, bem como sei que mesmo longe posso contar com eles e eles comigo, esse sentimento tão nobre que costumamos limitar ao termo amizade nos une, nos faz ser força um para o outro. Faz com que a alegria do reencontro nos leve a conversar horas e horas sem se quer darmos conta de que o tempo passa e cada um precisa tomar seu rumo novamente.
Das muitas viagens que fiz, aprendi que a vida é como um grande terminal rodoviário; afinal, a rodoviária ou a estação é o ponto de encontro e de chegada. Lugar onde pessoas vão e vem, e é impressionante como algumas cenas, pessoas, ficam em nossa memória.
Não diferente de nossas vidas; constantemente chegamos à vida de alguém, bem como encontramos pessoas que são e irão ser importantes para nós, e ficaram em nossa vida. E como é bonito notar que uma amizade verdadeira não se encerra no encontro, mas se prolonga para a eternidade.
E aí, aquele que é amigo (a) verdadeiro (a) é possuído pelo sentimento do qual dissera a raposa ao pequeno príncipe: “torna-te eternamente responsável por aquilo que cativas”. Mesmo sem querer, mesmo sem demonstrar, o amigo é aquele que com sua amizade cuida de nós.
Rever amigos, estar com eles, é nos encontrarmos um pouco mais com nossa própria história, com nosso eu, e assim, reconhecermos que na vida não estamos sozinhos, nem tampouco somos pessoas desvalorizadas, somos importantes porque temos pessoas, amigos, que nos cercam e nos fazem crer que mesmo na distância há a possibilidade de se estar ao lado e concomitantemente recebermos força e carinho.
Aos amigos de ontem e de hoje, daqui e de lá, muito obrigado pela força e pelo incentivo de todos vocês.

A saudade e a amizade

Sentado no banco da estação Barra Funda, na capital paulista, notei que se aproximava da plataforma de embarque uma família. Enquanto os adultos se despediam dos parentes que deixariam na grande cidade, uma menininha chorava muito, abraçando sua tia dizia que iria sentir saudades.
Lembro-me que quando criança, eu também chorava muito ao me despedir das pessoas, na verdade parece que o momento da despedida é único, como se não houvesse mais oportunidade de estarmos com aquela ou aquelas pessoas que amamos. Nessa hora o MSN, Facebook, e outras redes sociais se reduzem a nada, porque ainda que nos falemos por esse meio, será meio difícil notar o sorriso, sentir o abraço...
A palavra despedida vem acompanhada de saudade. E saudade, como costumo dizer, é o sentimento mais nobre de quem ama. Quem consegue sentir saudade é porque amou e viveu intensamente algum momento de sua vida com pessoa ou pessoas que marcarão para sempre sua história.
É a dinâmica da vida! Algumas pessoas possuem a graça de entrar em nossa vida e marcar a nossa história. E quando as conhecemos é muito difícil querermos nos separar, afinal elas parecem constituir uma parte de nós. Porém, o até logo é necessário para que o sentimento que nasceu do encontro perdure e amadureça em nossa vida.
Quando há amor, amizade verdadeira, não importa a distância, o que importa é o sentimento de saber que em algum lugar, alguém espera por você e torce para que dê tudo certo em sua vida. Por mais longe que você possa estar das pessoas que ama, elas se tornam muito perto quando as trazemos na memória e, mesmo que por um instante nostálgico, conseguimos senti-las bem juntinha de nós.
Isso é saudade! Não quero com esse texto alimentar um saudosismo, mas levar você, leitor (a) a valorizar as pessoas que aparecem em sua vida, e que não entram nela por acaso. Muitas vezes vivemos tão fechados em nosso mundinho que não conseguimos permitir que novas pessoas ou novas amizades façam parte de nossa vida. E por isso perdemos a grande chance de nos sentirmos amados.
Deus coloca pessoas em nossa vida para que aprendamos a colocá-las em nosso coração, para que quando elas partirem ou se distanciarem de nós,  permaneçam dentro de nós.
Assim são vocês, missionários e missionárias da Semana Missionária Salesiana 2011, volto pra casa mais feliz por ter conhecido cada um de vocês. Agradeço pelas lições que me ensinaram. O ser jovem de vocês me faz acreditar numa juventude que sabe para onde vai. Bem como me dá ânimo para continuar investindo e apostando todas as fichas na juventude! Deus os abençoe! Espero encontrá-los em breve!
“TE GOSTO!”

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Os bombons e a vida

Sábado chuvoso, propício para viajar, refletir, rezar ou ainda dormir. Saí cedo de casa, dirigi-me ao terminal rodoviário, tinha uma missão a cumprir. Esperei o ônibus, quando ele chegou tomei meu lugar na fila, aliás, descobri que as pessoas amam fila, se todos compramos uma única poltrona naquele ônibus para que a fila para entrar nele? Mas enfim, lá estava eu.
Subi os degraus, entrei e comecei a procurar meu lugar... encontrei, sentei e vi, na poltrona ao lado, um casal, não namoravam, mas notava-se que o menino estava apostando todas as “fixas” para conquistar o coração da menina.
O ônibus começou a deixar o terminal... os primeiros pingos de chuva começaram a escorrer pela janela, brevemente olhei para fora, via a chuva que caia e como uma gota que do alto vem abaixo assim aconteceu com meus olhos, fecharam-se, quando dei por conta o ônibus já entrava no posto, para nos alimentarmos.
Depois de alguns minutos voltamos para o ônibus... eu já estava em meu lugar, olhei para a porta e eis que surge subindo os degraus o menino com uma caixa de bombons. Pensei: na certa é para impressionar a mocinha. Dito e feito! Deliciaram-se com os chocolates durante toda a viagem, mas antes de entregar a caixa, ele disse uma frase muito comum e que me fez refletir: “trouxe pra você, para adoçar a vida!”
Fiquei pensando nesse “adoçar a vida” e comecei a perceber que há grande semelhança entre nossa vida e a caixa de bombons. Pense comigo: a caixa é a vida, os bombons são os momentos que passamos. Uns são meio amargos, outros são mais recheados, alguns trufados, outros nem tanto; a questão é que não importa como sejam, sempre os comemos. Assim também com os momentos de nossa história, ruins ou bons temos que enfrentá-los.
Quando nós nos deliciamos, degustamos cada bombom, ao término da caixa dizemos: “Poxa! Como estavam deliciosos! Valeu a pena!” O mesmo acontece com a vida. Quando degustamos, vivemos cada momento, nós aprendemos muito, e aí, quando já estivermos no fim de nossa vida, um sentimento de gratidão irá nos invadir e diremos: Poxa! Como valeu a pena viver!
Precisamos seguir os conselhos de Gonzaguinha e assim aprendermos a “viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz” Lembremo-nos de cantar, sempre, a beleza de ser um eterno aprendiz!

sábado, 2 de julho de 2011

As estrelas e a vida

Na mesa de um barzinho, jogando conversa pro ar, eis que minha interlocutora, uma amiga, diz a seguinte frase: “gosto muito de viajar a noite para contemplar as estrelas”. Fiquei com essa frase na mente, sentia que precisava escrever algo sobre as estrelas, e o que falar de algo tão magnífico, que fala por si?
Até aqui o objetivo dos textos que tenho escrito é para ajudar você, estimado (a) leitor (a) a olhar para as coisas simples da vida que podem nos trazer grandes lições. Essa reflexão sobre esses astros do céu também segue esse desejo.
Não acontece diferente com as estrelas. Pontos minúsculos iluminam o céu, romântico para alguns, um espetáculo para outros. Fato é que elas estão sempre lá, vejam nossos olhos ou não. Você já percebeu que quanto mais você fixa o olhar no céu mais estrelas você verá?
Estrelas são estrelas em qualquer lugar, mas a maneira com que olhamos para ela, bem como o lugar de onde as contemplamos, pode fazer com que elas desapareçam. Por exemplo: se você vai a noite ao centro de São Paulo ou de uma outra cidade e olha para o céu, raramente verá estrelas, mas se você for para o campo, um sítio, longe das “luzes da cidade” você verá a maravilha de uma noite estrelada.
As luzes artificiais ofuscam a luz verdadeira. Quando estamos na cidade as luzes são tão fortes que nossa atenção se desvia e por mais que queiramos fixar nossos olhos no céu não veremos estrelas ou até encontraremos alguma, mas para vê-las é preciso por um instante fazer com que as luzes artificiais da cidade, dos postes, das lojas , dos carros, apaguem-se em nós, ao nosso redor.
Isso, por um instante, faz-me pensar: que luz tenho contemplado em minha vida? Luzes artificiais nos fazem olhar para aquilo que é artificial, enquanto as estrelas dirigem nosso olhar para o céu, aquilo que é eterno. Enquanto nos prendemos no que é finito, efêmero, passageiro, perdemos a oportunidade de experimentar o infinito, eterno, divino que habita em nós.
Contemplamos as luzes artificiais ou contemplamos as estrelas? A verdade é que somos cegos, mas não cegos de uma cegueira comum, mas sim como aquela dita por José Saramago em sua obra Ensaio sobre a cegueira. Somos nós esses cegos que “estando cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem”.
Trazemos conosco essa cegueira, que não nos permite olhar para a realidade, tampouco nos faz questioná-la, por isso vamos vivendo na mentira, contemplando as luzes artificiais que nos são impostas por um sistema que nos escraviza, e quando damos por conta, aceitamos todas as mentiras, olhamos tanto para as falsas luzes que nossos olhos já se acostumaram, que se torna difícil olharmos para uma luz verdadeira, de esperança, de vida. Os olhos sempre encontram aquilo que o coração procura! Para onde temos olhado?